As anãs vermelhas, denominadas também de estrelas M, são como réplicas do nosso Sol, mas de menor tamanho e intensidade, sendo responsáveis por até 70% das estrelas dispersas no espaço. Além disso, se distinguem por duas características que são consideradas de modo geral como extremamente adversas à aparição de vida em exoplanetas: marés muito pronunciadas e um clima espacial violento.
A atividade estelar excessiva tem efeitos semelhantes. Emitidos por uma jovem estrela anã, os raios-X e a radiação ultravioleta de alta energia podem queimar a atmosfera de um exoplaneta próximo da estrela em questão. Assim que a atmosfera desaparecer, a água fervendo não demorará muito tempo a se evaporar por completo.
No entanto, agora alguns pesquisadores suspeitam que os mesmos fatores possam incentivar também a habitabilidade.
As mesmas forças estelares que provaram ser incompatíveis com a habitabilidade dos mundos interiores, julgam eles, poderiam transformar os mundos exteriores frios em lugares mais acolhedores, convertendo os Neptunos e os Uranos do espaço extra-solar em Terras, por assim dizer.
"Inicialmente, são mundos gelidamente frios e inóspitos", disse à UPI Rodrigo Luger, um estudante de doutorado na Universidade de Washington, em Seattle. "Mas os planetas nem sempre permanecem num mesmo lugar. Ao lado de outros processos, as forças de maré podem originar uma migração planetária para dentro (do respetivo sistema solar)".
Esta migração planetária pode levar os mundos similares a Netuno a se deslocarem rumo à zona habitável de uma anã vermelha. À medida que se aproximam da estrela-mãe, a radiação eletromagnética ajuda a queimar a espessa atmosfera que costuma envolver seu núcleo de gelo, deixando o que os cientistas chamam de "núcleos habitáveis evaporados".
"Tais planetas provavelmente têm águas superficiais em abundância, já que o seu núcleo é rico em água gelada", acrescenta Luger, entrevistado pela UPI. "Uma vez na zona habitável, este gelo pode derreter, formando oceanos".
Luger e seu companheiro de pesquisa Rory Barnes afirmam que no Universo há milhares de núcleos habitáveis evaporados que estão à espera dos seus descobridores.