Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a resolução norte-americana que condena o uso de gás cloro como arma na Síria. Foram 14 votos a favor e uma abstenção da Venezuela. A resolução condena o uso de qualquer arma química na Síria, inclusive o cloro. No caso de violações da resolução, o conselho poderá se reunir novamente para discutir as medidas cabíveis, como sanções ou uma possível operação militar no âmbito do capítulo 7 do estatuto das Nações Unidas. O texto, entretanto, não indica os autores dos ataques com gás cloro no norte da Síria no início de 2014, registrados pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
O Embaixador da Rússia na ONU, Vitaly Churkin, afirmou durante a reunião que o seu país “não admitirá, de modo categórico, as tentativas de aplicação das medidas no âmbito do capítulo 7 do estatuto da ONU sem provas concretas.” Segundo Churkin, a responsabilidade de determinar as violações da resolução aprovada é de exclusiva competência da OPAQ.
O chefe da missão russa chamou atenção para os comentários da diplomata norte-americana. “Embaixadora Power reverteu de modo completo todo o problema para o governo da República Árabe Síria, a começar pela resolução 2118”, disse ele. Churkin lembrou que o objetivo da resolução 2118 não era “provar nada, nem obrigar o governo da Síria a algo”. Segundo ele, a Rússia, em diversas vezes durante as consultas do Conselho de Segurança, apresentou argumentos de que “o governo sírio não só não fez aquilo, como não tinha condições técnicas para uso de sarin em 21 de agosto (de 2013).
“Nos apresentamos esses detalhes técnicos, enquanto os nossos colegas, porque para eles é mais fácil assim, ficaram sorrindo e falando a mesma coisa: mentira, sabemos que a culpa de tudo é do governo de Assad. Será que é aceitável trabalhar nesses termos no Conselho de Segurança?”, concluiu o diplomata russo e pediu para a sua contraparte “deixar de proteger terroristas”.
Já o representante permanente da Síria na ONU, Bashar Jaafari, ao comentar o relatório da OPAQ, que serviu de base para a resolução, lamentou que a missão do órgão “usada como instrumento para elaborar a resolução, não pediu cooperação do governo sírio”.
Ele sublinhou o fato de que a resolução em si não acusa de nada o governo sírio, mas reclamou da interpretação dada ao documento por alguns países membros do Conselho de Segurança.