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Diretor-executivo do FMI: “Entre os BRICS, Índia é o país que tem melhor desempenho”

© Gustavo Ferreira /AIG-MREPaulo Nogueira Batista Jr.
Paulo Nogueira Batista Jr. - Sputnik Brasil
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O economista Paulo Nogueira Batista Jr. concedeu entrevista à Rádio Sputnik Brasil, em que alinhou diversas considerações sobre a economia brasileira e mundial, sobre o Banco dos BRICS e o Acordo Contingente de Reservas, uma espécie de Fundo Monetário próprio dos cinco países que constituem o grupo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Paulo Nogueira Batista Jr. é diretor‐executivo pelo Brasil e por mais dez países no FMI, o Fundo Monetário Internacional. Além de economista, é professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas desde 1989. 

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Ressalvando ter concedido a entrevista em termos estritamente pessoais, o economista destacou o papel atual dos BRICS, observou as dificuldades que África do Sul, Brasil e Rússia estão passando, acentuou a desaceleração do crescimento na China, e frisou que, dentre os países do grupo, a Índia é o que vem tendo melhor desempenho. Paulo Nogueira Batista Jr. também analisou, com certa dose de humor, o papel dos economistas perante a sociedade. 

Rádio Sputnik: Dr. Paulo, num artigo seu, publicado no jornal O Globo em fevereiro de 2014, com o título “À Sombra da Bufunfa”, o senhor faz considerações sobre a profissão do economista, destaca que esse profissional tem má reputação, é visto de uma maneira não muito exata, mas observa que não há uma única grande corporação, seja governamental ou privada, que não recorra a um economista. Aí o senhor faz observações bem-humoradas sobre como chegar à ruína: a mais agradável, com as mulheres; a mais rápida, com o jogo; e a mais infalível, seguindo os conselhos de um economista. Essa avaliação ainda se mantém?

PNBJr: Sim, se mantém. Os economistas adquiriram muito prestígio e nem sempre fazem jus a esse prestígio. Nossa capacidade de prever o futuro é notoriamente limitada, mas também a atuação dos economistas é frequentemente deturpada pelo jogo de interesses. O economista coloca as suas avaliações a serviço de interesses. Então o que é apresentado à opinião pública em vários países como a opinião de um técnico é na verdade uma opinião que reflete uma série de interesses particulares, políticos ou privados. E essa mistura entre interesses privados, políticos e a avaliação profissional tem feito certo dano à imagem da profissão. 

RS: O senhor cita inclusive a economista Maria da Conceição Tavares, afirmando que a ideologia é uma plataforma precária. E isso vale para as ideologias de direita e de esquerda. O senhor ainda observa que a ideologia de direita é bem mais remunerada que a da esquerda? 

PNBJr: Eu me lembro da Conceição Tavares dizendo isso numa palestra que ela deu quando eu era estudante, na qual ela estava se defrontando com vários comentários ideológicos no mau sentido da palavra. Aí, ela vira com aquela retórica famosa e diz: “Meus filhos, a ideologia é uma plataforma precária! É preciso estudar os problemas, avaliar com cuidado.” E ela tinha toda a razão. 

RS: Outra observação no início desse artigo é a de que o senhor estava recolhido em seu sofá, lendo, e a sua esposa passava pela casa e dizia: “Em outra encarnação, quero ser homem e economista.” Ela continua querendo ou já se tornou economista?

PNBJr: Cada vez mais ela está dando opinião sobre assuntos econômicos. Só informalmente. Ela ouve tantos assuntos econômicos que acaba aprendendo também. 

RS: Já que estamos falando de “profecias”, o que o senhor vê para este ano de 2015 em termos de finanças mundiais?

PNBJr: Está havendo uma recuperação, notadamente da economia americana, que eu acho que vai continuar. Há sinais de melhora também do quadro econômico europeu, em parte por causa da queda do preço do petróleo e também da depreciação do euro em relação a outras moedas. Então, há alguns sinais de melhora nos países avançados. 

Nos países emergentes, o quadro é muito diferente, dependendo do caso. A Rússia enfrenta um ano difícil, pelos motivos amplamente conhecidos, e a China cresce muito ainda, mas sofre desaceleração. A Índia, entretanto, está indo bem. Entre os BRICS, é o país que tem tido, no curto prazo, na conjuntura atual, o melhor desempenho. O Brasil está crescendo pouco ou nada, e a África do Sul também atravessa uma fase de dificuldades. Então, o quadro é misto. 

Há alguns pontos de alta tensão. Um deles é a Ucrânia, e o outro é a Grécia. Elas vão gerar turbulência e instabilidade ao longo dos próximos meses. É um quadro com alguns pontos positivos, mas que não está fácil, de um modo geral.

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