As relações entre as autoridades ucranianas e Kolomoisky, um dos oligarcas mais ricos no país, foram abaladas na semana passada por um incidente envolvendo a demissão do presidente da empresa UkrTransNafta (uma sociedade anônima aberta estabelecida pelo governo da Ucrânia em 2001 e responsável por gerir as operações de transporte de petróleo através da rede de oleodutos da Ucrânia), Aleksandr Lazorko, protegido de Kolomoisky.
Neste aspecto vale a pena esclarecer qual é o papel real de Igor Kolomoisky na Ucrânia. Primeiro, é um magnata com a fortuna estimada de seis bilhões de dólares. A estrutura mais famosa de Kolomoisky é um dos maiores bancos da Ucrânia, o PrivatBank.
Bogdan Bezpalko, vice-presidente do centro de estudos da Ucrânia e Bielorrússia da Universidade Estatal de Moscou, acha que as posições de Kolomoisky seguirão fortes mesmo após a renúncia.
“Seu grupo bancário Privat é um recurso muito poderoso que pode até afetar o câmbio da moeda nacional. Ele tem 15 mil soldados, para além de influência sobre um grupo poderoso de dirigentes da área de segurança e deputados leais”, contou.
Quando o cientista político fala do número de soldados sob as ordens de Igor Kolomoisky, ele refere o fato conhecido de financiamento por Kolomoisky de batalhões voluntários paramilitares que combatem contra os independentistas no leste da Ucrânia, entre quais o Donbass, o Dnepr e o Azov, segundo relatos da mídia. As organizações internacionais de direitos humanos acusaram várias vezes os soldados destes batalhões paramilitares de crimes de guerra no leste do país.
“Parece que teve um conluio [entre Poroshenko e Kolomoisky], porque a demissão foi formulada como o desejo do próprio Kolomoisky e eles realizaram um encontro antes disso. Kolomoisky com certeza manteve alguma coisa, mas menos do que tinha antes do conflito. Parece que Kolomoisky no final aceitou a perda de controle sobre os fluxos petrolíferos”, manifestou Zharikhin.
O mais lamentável nesta situação é que, enquanto Poroshenko e Kolomoisky lutam pelo poder, o povo ucraniano sofre com a queda da economia, o aumento de preços, a hiperinflação e a guerra civil no leste do país.