EUA decidem acatar posição da Rússia sobre a questão da Síria

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Professor de Relações Internacionais da ESPM-Sul e ex-diretor do BRICS Policy Center da Pontifícia Universidade Católica – Prefeitura do Rio de Janeiro, Fabiano Mielniczuk analisa a reaproximação de Estados Unidos e Síria relacionada ao combate ao terrorismo da Al-Qaeda e do Estado Islâmico.

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Em entrevista à rádio Sputnik, o professor de Relações Internacionais Fabiano Mielniczuk, diretor da Audiplo, analisou a recente reviravolta nas relações dos Estados Unidos e Síria. 

Nos últimos dias, os EUA tem adotado um tom conciliador com o governo de Assad, tendo inclusive elogiado o programa de retirada de armas químicas do país, realizado em conjunto com a Rússia. 

Segundo Mielniczuk, os Estados Unidos estão preocupados com o aumento da influência do Estado Islâmico no país, o que levou a administração da Casa Branca a rever sua política para região. 

O especialista lembrou que o conflito teve origens em 2011, sendo um extensão da Primavera Árabe. Na ocasião, seguindo o exemplo do Egito e outros países do Oriente Médio, sírios saíram às ruas para protestar contra o regime Bashar Assad, cuja família está há 40 anos no poder. Segundo Mielniczuk, apesar das reivindicações terem sido justas, os Estados Unidos, que trabalharam em conjunto com Arábia Saudita, erraram em financiar o grupos rebeldes.  

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O principal motivo das ações dos EUA  e da Arábia Saudita foi a histórica aliança do governo sírio com Irã, o principal opositor da Arábia Saudita na região. Portanto, na ocasião, havia um forte interesse na derrubada de Assad, o que resultou no financiamento dos grupos rebeldes. 

Em agosto de 2013, após uso de gás sarin nos arredores de Damasco (sem provas conclusivas quanto à responsabilidade de um dos lados do conflito), os EUA estavam a beira de uma intervenção militar no país. 

Nesse momento, a Rússia, que já havia alertado para os perigos do financiamento dos rebeldes, entrou em cena e negociou um acordo de retirada de armas químicas do país. O maior medo da Rússia, explica Mielniczuk, era que esse tipo de armas fosse parar no Cáucaso, onde, nos anos 90, Moscou combateu os grupos extremistas islâmicos.

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Mesmo assim, o ocidente seguiu apoiando os movimentos rebeldes. Como resultado, 200 mil sírios morreram durante os conflitos. Além disso, grupos do Al-Qaeda fugiram do Iraque para Síria, onde se reorganizaram e formaram o Estado Islâmico. Portanto, se hoje o Assad cai, não haverá uma transição democrática, mas sim um estado fundamentalista. 

Isso não significa que Assad deve ser apoiado, pontuou o professor. No entanto, os Estados Unidos estão pagando pela própria imprudência na região desde o início dos anos 2000. Infelizmente, a situação na região somente será estabilizada com a derrota do Estado Islâmico, o que significa que os conflitos estão longe de acabar, lamentou Fabiano Mielniczuk.

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