A publicação ganhou cerca de 90.000 visualizações, provocou inúmeros comentários de aprovação dos leitores e, parece, indignação de seus colegas. O artigo é notável porque se distingue do tom geral da revista e contradiz a tendência geral no Ocidente de considerar a Rússia ocupante da Crimeia.
A opinião dele é baseada nos resultados de pesquisas de duas empresas de estudos de opinião – a americana Gallup e a alemã GFK. As inúmeras entrevistas de moradores da Crimeia mostraram que os ucranianos, russos étnicos e tártaros queriam que a península fosse parte da Rússia. Cerca de 93% da população avalia positivamente os resultados do referendo. Se no leste da Ucrânia 84% dos habitantes apoiam o modo europeu de desenvolvimento, nas regiões orientais — só 19%. O apoio no sudeste à integração na OTAN é menor.
No entanto, depois do artigo de Rapoza foi publicada a opinião da sua colega, Andrea Chalupa, sob a manchete "Um ano depois na Crimeia: os estudos não contam a história toda" ("One Year Later In Crimea: Polls Don't Tell The Whole Story"). Na verdade, os dados de pesquisas não contam a história toda (tanto mais que são os jornalistas que leem os documentos com dados, e não os leitores), e acontece que eles podem ser interpretados de acordo com a opinião do autor.
Por exemplo, Chalupa, em particular, escreve sobre os soldados russos que estavam na Crimeia durante o referendo. Segunda ela, isso é um dos fatos demonstrados que os crimeanos votaram contra sua vontade. As autoridades russas não refutaram este fato. O presidente Vladimir Putin afirmou que era necessário proteger os habitantes da Crimeia e não havia outra escolha: a Rússia tinha informações de que as autoridades ucranianas radicais estavam prontas para levar a cabo uma grande ação terrorista na península. Ele também acrescentou que, após o referendo, o Ocidente tentou por todos os meios possíveis impedir a reunificação da Crimeia com a Rússia.
É importante o fato de o estudo de Gallup, que ambos os autores usam, ter durado quase um ano. A organização questionou moradores imediatamente após o referendo, e, pouco tempo depois, 93% da população da Crimeia disseram que os resultados satisfaziam as suas expectativas. A pesquisa foi repetida quase um ano depois, e a proporção não mudou. Os crimeanos também foram perguntados como suas vidas mudaram nesse tempo. Quase 90% dos habitantes da península relatou que sua situação financeira melhorou ou permaneceu a mesma. Ao mesmo tempo, os sociólogos ucranianos afirmam que mais de 90% da população ucraniana se queixa que ficou mais pobre.
Também há informações de como os crimeanos encaram na mídia ucraniana. Apenas 1% da população da península acredita que a mídia ucraniana deu informações objetivas sobre o que estava acontecendo na Crimeia. Cerca de 80% acredita que esta informação era falsa.