Yarosh fala sobre o nacionalismo ucraniano, o papel dos russos na Ucrânia e a sua atitude em relação à Rússia.
“Os ucranianos são os donos da nação onde nasceram porque não temos outro país… Mas nós não temos posições xenófobas. Somos sim a favor da garantia de condições para as minorias étnicas, porém, somente para quem respeite a nossa terra", manifesta.
“A nossa atitude em relação aos russos, assim como em relação às outras minorias no país, cabe na metodologia proposta por Stepan Bandera (líder nacionalista ucraniano, que chefiava o Exército Insurgente da Ucrânia durante a II Guerra Mundial): fraterna em relação aos que lutam conosco pelo Estado ucraniano, tolerante em relação aos que reconhecem o nosso direito de sermos donos do nosso destino na nossa própria terra e hostil em relação aos que negam este direito”.
Uma parte importante da ideologia de Yarosh é o conceito dos nacionalistas ucranianos de “desrussificação”, que é entendida por eles como a liquidação das consequências da política de russificação forçada exercida no território da Ucrânia.
Podemos ver que Dmitry Yarosh “de jure” reconhece os direitos das minorias na Ucrânia, porém, no leste do país, a população russófona já não é minoria. Mas, de fato, ele acha que todos os que de certo modo se opõem ao nacionalismo ucraniano devem ser oprimidos.
O que é mais interessante é a atitude de Yarosh em relação à Rússia. Atitude que pode ser caracterizada por uma só palavra: ódio.
“O Ocidente simplesmente durante um certo período, especialmente à época de Yeltsin (primeiro presidente russo após queda da URSS) e no início da presidência de Putin, fazia tudo para conservar a Rússia como um contrapeso à China. Porque a ameaça chinesa existe para o mundo inteiro. Ora, a Rússia não foi somente conservada como se tornou num mini-império agressivo, cínico e mentiroso”, diz ele.
Yarosh acredita que a Ucrânia cedo ou tarde terá de lutar contra o “Império Moscovita”.
“Estou convencido de que poderemos vencer a satânica Moscou destruindo o império”, acrescenta.
Ao mesmo tempo, Dmitry Yarosh sonha com uma revolução na Rússia parecida com os acontecimentos em Maidan, em Kiev.
“Nas fileiras do Setor de Direita lutam ombro a ombro os que falam ucraniano e os que falam russo ou bielorrusso e outros não ucranianos. No Setor de Direita, foram treinados muitos patriotas russos que vieram da Rússia para apoiar a nossa luta”, confessou.
“Ali (em Donbass) existe a verdadeira União Soviética na mente das pessoas. E este conceito soviético deve ser arrancado. É preciso operar de maneira muito brusca com quem não quer viver em conformidade com as regras e leis do Estado. Deportação, privação de direitos civis etc. Sem esse fator de força, nada poderá ser feito ali”.
Nós oferecemos aos nossos leitores a possibilidade de tirar suas próprias conclusões, com base nas frases aqui citadas, se a nomeação de Dmitry Yarosh como conselheiro do comandante supremo das Forças Armadas da Ucrânia poderá contribuir para o processo de pacificação de Donbass, confirmado por todos os lados nos Acordos de Minsk, ou não.
O Setor de Direita é uma união de organizações nacionalistas de extrema-direita. Em janeiro e fevereiro de 2014, os combatentes do movimento participaram em confrontos com a polícia e na tomada de edifícios administrativos em Kiev. Depois de abril, participaram do esmagamento dos protestos no leste da Ucrânia, ao lado do exército ucraniano. Em março de 2014, o movimento foi transformado em partido político, liderado por Dmitry Yarosh, mantendo ao mesmo tempo o seu braço armado. A atividade do Setor de Direita é proibida na Rússia.