De acordo com o chanceler russo, que concedeu uma entrevista de duas horas às emissoras Sputnik, Ekho Moskvy e Govorit Moskva, os Estados Unidos e a OTAN violam estas regras colocando seus arsenais nucleares em vários países do mundo.
No entanto, comentando o assunto das armas não nucleares, o ministro destacou que a Rússia busca "cooperação regular" com vários países para "poder cumprir missões em todo o planeta".
Parceria latino-americana
Estes países planejam comprar mais veículos aéreos russos.
Na sua entrevista, Lavrov assegurou que esta parceria deve ser essencialmente pacífica, virada para o fortalecimento dos sistemas da defesa dos países latino-americanos. Comentando a possibilidade de a Rússia instalar uma base militar na América Latina, o chanceler russo disse: "Uma base no sentido estadunidense, cheia de armas, feita uma fortaleza, não queremos, não vemos necessidade disso. Deve ser uma base para descansar, se recuperar, reabastecer".
Respondendo a uma pergunta sobre uma eventual aliança militar entre a Federação da Rússia e o Irã, o ministro Lavrov respondeu firmemente que isso não é realista, nem em um futuro próximo. A Rússia nem recebeu nenhuma proposta a este respeito.
"Não há nenhuma necessidade para uma união militar. Nem nós, nem os iranianos precisam disso. Eu declaro que nós não recebemos nenhuma proposta do Irã [a este respeito], e eu acho que é completamente irrealista e desnecessário", comentou Lavrov.
Houve uma pergunta sobre se a Rússia não segue uma política de padrões duplos ao se opor aos sistemas de defesa antiaérea dos EUA ao mesmo tempo que fornece complexos de mísseis S-300 ao Irã. Lavrov reagiu dizendo que a capacidade de combate do S-300 é menor se comparada com a do sistema norte-americano. Dá a sensação de que os EUA estão se preparando para uma guerra nuclear:
"Os S-300 não são uma arma que possa ser usada contra mísseis nucleares, como é o caso do sistema norte-americano de defesa antiaérea".
Mesmo assim, quem quiser bombardear o Irã pensará duas vezes. "Não queremos que o Irã seja alvo de uma agressão ilegítima", frisou Lavrov. Por isso a Rússia lhe fornece estas armas puramente defensivas, comentou.
Terrorismo é a ameaça principal
Como para o resto do mundo, para a Rússia o terrorismo internacional constitui uma ameaça grave. Na entrevista, o chanceler Lavrov até a considerou como a ameaça mais importante que a Rússia enfrenta.
Outras duas ameaças sugeridas pelos jornalistas são a OTAN e a China. Comentando a possibilidade de um eventual conflito econômico entre a Rússia e a China, Lavrov assegurou que as relações entre estes dois países são de parceria estratégica, o que exclui a possibilidade de ameaça. Pelo contrário, disse o ministro, essa parceria contribui para a estabilidade da região.
Já a ampliação da OTAN é um fato que preocupa Moscou, mas é necessário desenvolver mecanismos de cooperação com esta aliança, que anteriormente eram bons, mas foram "de repente suspensos pela OTAN", disse o chanceler russo.