“Francamente, meu pai não gostava de tocar neste tema (da guerra). Quando os adultos falavam entre si e lembravam alguma coisa, eu simplesmente estava próximo a eles. Toda a minha informação sobre a guerra e sobre o que aconteceu com a família vem destas conversas. Mas, de vez em quando, se dirigiam a mim também”, escreveu o presidente.
Logo no início da atividade, o pai de Putin e os seus companheiros caíram em uma cilada dos alemães em uma aldeia. "De 28 pessoas só quatro atravessaram a linha de frente quando voltavam às nossas posições. 24 morreram", relatou Putin.
Após esses acontecimentos, o pai do atual presidente russo foi enviado a um dos trechos da defesa de Leningrado (nome soviético de São Petersburgo), onde foi gravemente ferido.
“Meu pai relatou como tinha sido ferido. A lesão foi grave. Viveu a vida inteira com estilhaços no pé. Os médicos não conseguiram tirar todos. O pé doía e a planta do pé não se desencurvava … Graças a Deus, conseguiram salvar o pé. Podiam amputá-lo. Foi um bom médico”, escreveu Putin.
Segundo suas palavras, o irmão mais velho de Putin, quando o pai deles estava na guerra, foi evacuado a um asilo onde morreu de difteria. Ao pai, quando a criança foi levada e a mãe ficou sozinha, foi lhe permitido andar, usando muletas rumou para a casa. Quando chegou, viu que alguns cadáveres estavam sendo retirados do prédio (durante o Cerca de Leningrado muitas pessoas morreram de fome). Viu a mãe. Aproximou-se e percebeu que ela ainda respirava.
O pai de Putin pressionou os agentes para levarem a sua mulher para a casa, apesar das afirmações de que ela não sobreviveria. Ele cuidou dela e a mãe do presidente conseguiu sobreviver, tendo morrido só em 1999. Seu pai faleceu um ano antes, contou Putin.
“Ele tinha seis irmãos, cinco morreram. É uma catástrofe para a família”, acrescentou o presidente russo. O chefe de Estado frisou que não existe uma família que não tenha perdido alguém durante a guerra.
“É surpreendente. Nós fomos ensinados pelos filmes e livros soviéticos a odiá-los (os soldados da Alemanha Nazista). Mas ela, por algum motivo, não tinha isso. Lembro bem de suas palavras: 'São trabalhadores como nós. Foram simplesmente aguilhoados a ir para guerra'", revela em sua memória o líder russo.