Iminente retirada de Cuba da lista de países que financiam terrorismo é política

© REUTERS / Jonathan ErnstBarack Obama, presidente dos Estados Unidos, cumprimenta Raul Castro, presidente de Cuba
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O professor de Relações Internacionais da ESPM-Sul e ex-coordenador do BRICS Policy Center, Fabiano Mielniczuk, disse em entrevista à agência Sputnik Brasil que a iminente retirada de Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo atende aos interesses dos EUA nas Américas.

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A lista impõe uma série de limitações econômicas e financeiras aos países relacionados, tais como embargo à venda de armamentos e sanções contra membros de governos e companhias. 

Segundo o estudioso, a ilha do Caribe entrou para a lista em 1982 por apoiar as revoluções de esquerda contra as ditaduras na América Central, em países como El Salvador, Nicarágua e Guatemala. Nos anos 90, após o fim da Guerra Fria, Havana permaneceu na lista em função do seu apoio às Farcs na Colômbia e ao movimento Basco, na Espanha. Pelo menos formalmente, já que, segundo professor, as razões também eram de cunho político.    

Nos últimos anos, entretanto, Cuba tem sido protagonista na mediação do conflito entre as Farcs e Bogotá e está negociando com a Espanha sobre combatentes bascos, abrigados no Caribe. Esses fatos, também facilitam o aspecto formal da retirada de Cuba da lista.

No entanto, segundo Mielniczuk, o real motivo da nova postura dos EUA em relação à Havana, que segue a tendência de reaproximação entre os dois países, anunciada em dezembro de 2014, seria o interesse geopolítico dos Estados Unidos na região. Rússia tem intensificado suas relações com Cuba e países latino-americanos e Washington tenta neutralizar essa iniciativa. 

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Voltando à lista, Mielniczuk apontou que o artifício legal é utilizado com frequência pelos Estados Unidos como instrumento de pressão. Até porque os parâmetros para ingresso na lista são unilaterais, já que a comunidade internacional até hoje não chegou a um consenso sobre a definição do terrorismo. Assim, Washington considera terroristas muitas organizações que, por um outro ponto de vista, poderiam ser encaradas como defensoras da libertação e da autodeterminação dos povos.

De qualquer modo, mesmo de forma unilateral e no âmbito de um projeto geopolítico maior, Cuba vai adquirindo um novo papel na região para os Estados Unidos.

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