Segundo Mielniczuk, para explicar a recente orientação russa para a América Latina é possível encontrar analogias na geopolítica soviética da época da Guerra Fria. A URSS, em resposta às atividades norte-americanas nas suas fronteiras (bases na Alemanha), passou a atuar nas proximidades da fronteira dos Estados Unidos (cooperação militar com Cuba), uma política que levou à Crise dos Mísseis de 1962, felizmente superada.
Transportando a situação para os dias atuais, o avanço russo na América Latina seria uma forma de resposta às intervenções dos Estados Unidos na Ucrânia, que a Rússia considera um país estratégico, localizado em região de sua esfera de influência, pontuou o entrevistado.
Segundo o especialista, a normalização das relações entre Cuba e EUA se deve, em parte, à atuação russa na região. Washington, ao retomar as relações com Havana, estaria tentando minar a influência de Moscou. Ou seja, as intenções de Obama estariam muito além da simples boa vontade. Os Estados Unidos estariam, dessa forma, sinalizando para os países das Américas que são um bom parceiro comercial, diminuindo assim o peso da atuação da Rússia e também da China.
A China, explicou o professor, também tem preocupado os EUA, pois pretende investir nos próximos anos cerca de U$250 bilhões em projetos de infraestrutura no continente.