No último sábado, foi publicado no site oficial da presidência da Rússia um documento assinado pelo chefe de Estado ratificando a criação do fundo, de 100 bilhões de dólares, a ser gerido pelos cinco países que compõem o BRICS, contando com contribuições no valor de US$ 41 bilhões da China, US$ 5 bilhões da África do Sul, e US$ 18 bilhões do Brasil, da Índia e da Rússia. O chamado Arranjo Contingente de Reservas, como o próprio nome sugere, concentrará reservas monetárias e cambiais destinadas a conter eventuais pressões sobre as economias desses Estados, configurando o que muitos especialistas consideram uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI), ou, mais especificamente, um fundo monetário dos BRICS.
Para o professor Gilberto Braga, essa nova instituição tem uma grande importância tanto econômica como diplomática. Segundo ele, além de servir como uma ferramenta de defesa contra oscilações na economia, essa iniciativa "dá cara, do ponto de vista de bloco, a esse grupo, que, até então, era um bloco mais de pesquisas e estatísticas". Ele considera que, a partir de agora, esses diferentes países, com características de crescimento especiais, "poderão efetivamente atuar como um núcleo, com propostas e vozes comuns na defesa dos seus interesses".
Sobre a relação do fundo dos BRICS com o FMI, Braga acredita que o primeiro será a opção principal dos membros do grupo no caso de alguma emergência econômica ou financeira.
"Hoje, você vai ter a alternativa de, antes de ir ao FMI, por exemplo, recorrer ao Arranjo para defesa de oscilações de suas moedas internas", disse o especialista, acrescentando que, embora a relação com o Fundo Monetário Internacional esteja mais tranquila hoje, essa instituição ainda "tem uma espécie de receita ortodoxa, bastante conhecida, que mexe muito com os brios da nacionalidade dos países".