Governo italiano sugere escravizar imigrantes para não "deixá-los sem fazer nada"

© AP Photo / Alessandro Di MeoGuarda Costeira italiana se aproxima de barco de imigrantes na costa da Líbia, no Mar Mediterrâneo, em 22 de abril de 2015
Guarda Costeira italiana se aproxima de barco de imigrantes na costa da Líbia, no Mar Mediterrâneo, em 22 de abril de 2015 - Sputnik Brasil
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O ministro do Interior da Itália, Angelino Alfano, disse em uma conferência na quinta-feira (7) que os governos locais do país deveriam aplicar uma controversa diretiva governamental segundo a qual os imigrantes ilegais poderiam trabalhar sem remuneração.

"Temos de pedir aos municípios para aplicar nossa diretiva, que permite que os imigrantes trabalhem de graça", disse ele, falando em uma reunião com prefeitos italianos, cujas regiões estão relutantes em assumir a responsabilidade pelos estrangeiros ilegais.

"Ao invés de deixá-los sentados sem fazer nada – façam-nos trabalhar," declarou o ministro.

Além da proposta de trabalho escravo, Alfano disse que o governo estava procurando "uma distribuição equitativa [de imigrantes] entre os países da Europa e as regiões da Itália".

Os comentários do ministro vêm em meio à crescente inquietação europeia com o número de imigrantes na Itália, país que serve como uma espécie de porta de entrada para milhares de pessoas que partem do Oriente Médio e do Norte da África em busca de vidas melhores no Velho Continente, embarcando em travessias perigosíssimas pelo Mar Mediterrâneo que frequentemente acabam em tragédia.

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O fato de que foram as ações impensadas da própria Europa que agora lhe trazem problemas migratórios não passa despercebido para quem tenha memória histórica. Sem precisar remeter aos séculos de colonização nos países que hoje fazem parte do chamado "Terceiro Mundo", basta lembrar que as lideranças europeias resolveram intervir recentemente em países do Oriente Médio, desestabilizando a região e provocando grandes deslocamentos populacionais. Vejam-se os casos da Líbia, quando o Ocidente participou da derrubada do governo de Muammar Khaddafi, em 2011, e da Síria, quando apoiou os rebeldes contra o presidente Bashar Assad e, dessa maneira, acabou facilitando a emergência de outro grupo que também ameaça a segurança europeia atualmente: o Estado Islâmico.   

No total, a Itália registrou 170 mil entradas de imigrantes em 2014, um aumento de quatro vezes em relação ao ano anterior. Segundo a Organização Internacional para a Migração (OIM), 36% dos 116 mil que chegaram ao país por mar eram sírios fugindo da guerra em seu país. A chegada prevista de cerca de 200 mil novos imigrantes no país este ano cria uma situação "muito difícil", nas palavras do chefe do Departamento de Imigração do Ministério do Interior italiano, Mario Morcone.

Só na semana passada, mais de nove mil novos imigrantes desembarcaram no país. No mês passado, funcionários do governo disseram que o número de pessoas que entraram na Itália nos primeiros dois meses de 2015 aumentou 43% em relação ao mesmo período de 2014.

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Morcone disse à televisão italiana que as propostas de impor “trabalhos comunitários” para os imigrantes, tais como projetos ambientais, "criariam um melhor relacionamento e maior aceitação" para essas pessoas na sociedade italiana.

Na segunda-feira (4), a Guarda Costeira do país europeu disse que mais de seis mil imigrantes foram resgatados de barcos inseguros ao largo da costa da Líbia e trazidos para portos do sul da Itália, depois de traficantes de pessoas terem se aproveitado do mar calmo e das temperaturas amenas para enviar novos fluxos de imigrantes ilegais para a Europa. Além disso, a Guarda Costeira italiana também recuperou os corpos de dez imigrantes. Assim como centenas antes deles, eles nunca chegarão a pôr os pés na “terra prometida”.


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