Na operação, que teve lugar no final da semana passada, também morreram 14 terroristas. Quanto às perdas entre os civis (os terroristas ocuparam vários apartamentos habitados, de onde começaram a disparar), as informações não são divulgadas.
Fontes do Ministério do Interior informam sobre um grupo de 40 terroristas da Albânia que chegaram à Macedônia em princípios de maio. O grupo, ligado à organização terrorista Exército de Libertação do Kosovo (KLA), teria antes disso perpetrado o ataque contra um ponto militar no povoado de Goshnice em abril.
As autoridades da Macedônia ainda não comentam a situação. Mas já fica claro que o precedente pode ser alarmante para a Sérvia, país cujo território meridional é em parte ocupado por albaneses.Segundo a polícia, entre os terroristas detidos, há figuras como o ex-guarda-costas do ex-líder do KLA, Ramush Haradinaj. Haradinaj tinha sido julgado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (TPIJ).
Há um fato que dá muito que pensar: os terroristas não apresentaram nenhuma exigência. Parecia um ataque sem causa nem explicação. O ex-chefe da inteligência da Macedônia, Vladimir Pivovarov, frisa, em entrevista à Sputnik Srbija, que é precisa uma investigação para descobrir quem financiou a operação terrorista.
Pivovarov não descartou a possibilidade de alguma influência externa para causar "cataclismos políticos" na região, traçando como exemplo a independência do Kosovo, imposta pelo Ocidente.
O Kosovo é um precedente incômodo para o próprio Ocidente. O processo independentista foi bastante violento naquela antiga região da Sérvia. No entanto, os apoiantes dessa causa geralmente condenam a "anexação" da Crimeia, onde teve lugar um referendo realizado com paz e tranquilidade.
De acordo com vários especialistas contatados pela Sputnik Srbija, trata-se de preparativos para um atentado a nível internacional, planejado e levado a cabo por forças nacionalistas da Albânia. Por exemplo, o professor da faculdade de Segurança da Universidade de Belgrado (Sérvia), Zoran Dragisic, acredita que em Kumanovo a polícia da Macedônia conseguiu localizar os militantes, mas outros ataques podem acontecer em outras localidades do país.
Já o chefe da Agência da Segurança Militar da Sérvia, Petar Cvetkovic, disse recentemente, em uma entrevista à televisão local, que o objetivo dos terroristas era a criação da "Grande Albânia", ou seja um Estado composto exclusivamente por albaneses.
Atualmente, os albaneses fazem parte da população de vários países, entre eles, a Macedônia e a Sérvia.
Cvetkovic lembrou também que os militares sérvios já tinham advertido os seus colegas macedônios sobre a possibilidade de ataques terroristas. Mas aquelas informações foram consideradas exageradas.
O cientista político sérvio Dusan Prorokovic acredita que as forças nacionalistas albanesas são simplesmente uma arma operada por outras potências. Ele relaciona o ataque de Kumanovo com a discussão em torno ao projeto Turkish Stream (Corrente Turca), gasoduto polêmico para a União Europeia e os EUA (que seriam afetados economicamente se o gasoduto for lançado).
"A ausência de qualquer reação dos serviços de inteligência ocidentais relativamente aos acontecimentos de 9 de maio em Kumanovo significa que o ocorrido correspondeu aos seus interesses. É impossível imaginar 70-80 homens armados violarem a linha administrativa entre o Kosovo e a Macedônia, fazerem um ataque quase no centro da cidade e a inteligência não saber nada disso antecipadamente", ressalta Prorokovic.
Já fontes oficiais da UE culpam as autoridades atuais. O relator sobre a Macedônia no Parlamento Europeu, Ivo Vajgl, exortou o país a ser "mais inclusivo" em relação aos albaneses.
Porém, foram os albaneses que atacaram Kumanovo. Ora Kumanovo tem uma população maioritariamente albanesa. A lógica deste ataque precisa ser decifrada e os futuros atentados, prevenidos.