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Opinião: Aécio defende o impeachment para se manter como protagonista no cenário nacional

© Geraldo Magela/ Agência SenadoSenador pelo PSDB, Aécio Neves
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Em reunião de lideranças marcada para a próxima quarta-feira, 20, o PSDB vai definir se apresentará pedido de impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff.

Foi o que revelou o presidente nacional do partido, o Senador Aécio Neves, na terça-feira, 12, antes da cerimônia que conferiu ao ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso o título de Pessoa do Ano, em Nova York.

O título, também conferido ao ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, foi outorgado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em cerimônia que aconteceu num dos salões do Hotel Waldorf Astoria.

Nas palavras de Aécio Neves, as denúncias surgidas na Operação Lava Jato revelam que houve dinheiro de propina para a campanha presidencial. O senador considera que as denúncias estão próximas de ser confirmadas, o que fundamentaria o pedido de impeachment.

A Operação Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal do Paraná, apura as denúncias de corrupção na Petrobras envolvendo dirigentes de grandes empreiteiras, funcionários da empresa, políticos e ex-políticos da base aliada do Governo, além de desvios de recursos da empresa estatal.

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Aécio Neves disse ainda que, como o tema da apresentação do impeachment ainda não é inteiramente consensual no partido, as lideranças do PSDB se reunirão na próxima quarta-feira, 20, para debater a questão.

Em entrevista exclusiva à Sputnik, o Professor Creomar Lima de Souza, da Universidade Católica de Brasília, comentou a fala do senador mineiro, candidato derrotado por Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014. “Aécio Neves optou por uma agenda de defesa do discurso da validade de um processo de impeachment”, diz Creomar de Souza. “Contudo, essa percepção de que há provas suficientes e de que o processo contra a presidente possa ser levado adiante numa lógica mais jurídica do que política não é consensual dentro do PSDB, o maior partido de oposição, nem dentro da oposição em geral. Então, os discursos do Senador Aécio Neves tentam vender a ideia de que há uma caracterização do crime de responsabilidade, que coloca a presidente em situação de vir a sofrer o processo de impeachment.”

Já o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso preferiu não se manifestar sobre o assunto. Ao invés de falar num eventual pedido de impedimento da Presidenta Dilma Rousseff, ele optou por criticar o que chamou de “excesso de estatismo” do Partido dos Trabalhadores, ao qual pertencem a presidente e o seu antecessor, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Sobre a fala do ex-presidente Fernando Henrique, o Professor Creomar de Souza diz que “sua proposição tem se pautado por uma postura bem coerente em torno da posição de que o impeachment não pode ser uma causa exclusivamente jurídica. Ela envolve também um processo sobretudo político, sem espaço para qualquer tipo de distorção do que venha a ser a interpretação do crime de responsabilidade. O ex-presidente se mostra muito mais preocupado com a renovação das estruturas políticas e institucionais do Brasil do que com uma mera questão de troca de cadeiras.”

Outro nome de destaque do PSDB a se manifestar sobre a questão foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O chefe do Poder Executivo paulista também não quis polemizar, preferindo afirmar que o Brasil vive, de fato, uma crise, mas que considera o país superior a todas essas dificuldades.

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O Professor Creomar Lima de Souza destacou a diferença entre as posições de do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Senador Aécio Neves. “Enquanto o senador tem a postura de defender o impeachment para de certa maneira se manter em determinado protagonismo dentro do cenário político nacional, como uma alternativa, o Governador Geraldo Alckmin tem outra proposição – a de que o Brasil tem instituições suficientemente fortes para passarem por esse processo, e o povo autonomamente fazer as suas escolhas.”

Ao ser perguntado se teria algum significado especial o fato de aquelas declarações de Fernando Henrique Cardoso e de Aécio Neves terem sido feitas nos Estados Unidos, o Professor Creomar de Souza disse crer que “Aécio tentou se utilizar de um espaço no exterior que, no entanto, dentro de um público de cerca de 1.200 pessoas, tinha alguns dos principais nomes do PIB nacional, em vários setores”. Então, comentou o especialista, “Aécio Neves tentou dialogar com esse núcleo do PIB brasileiro, pontuando a sua posição”. 

“Resta saber”, concluiu Creomar de Souza, “como esse discurso ressoou dentro desse grupo empresarial.”

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