O deputado condena firmemente a postura da França em relação aos porta-helicópteros Mistral, encomendados pela Rússia à França.
"A França é um país renomado na área de produção de armamentos. Portanto, quando assina contratos com parceiros confiáveis, como é a Rússia, deve cumpri-los, e não bloquear — neste caso, o fornecimento dos dois Mistrais", disse Lebreton em uma entrevista exclusiva à Sputnik France.
Segundo ele, a decisão de suspender o fornecimento dos Mistrais à Rússia prejudica principalmente a França:
"Quanto ao nosso complexo militar-industrial, nós estragamos catastroficamente a nossa imagem frente aos futuros consumidores. Evidentemente, nós não conseguimos cumprir a palavra que tínhamos dado à Rússia".
"Se outros países quiserem assinar um contrato de construção de navios no estaleiro de Saint-Nazaire, amanhã vão pensar três vezes antes de o fazer. Ou até podem preferir outros fabricantes, por exemplo a Coreia, que é uma referência na área de construção naval", acrescentou o deputado.
Para o deputado, não existe nenhuma justificação para suspender a entrega dos navios. Nisso, ele diverge da opinião oficial do Estado francês, que tem criticado a guerra na Ucrânia.
Lebreton destaca dois aspectos do conflito ucraniano que mais irritam o Ocidente: a reintegração da Crimeia à Rússia e o conflito no Leste da Ucrânia.
Quanto ao primeiro, o entrevistado deixou claro que, para ele, se trata do "direito de autodeterminação dos povos", portanto de uma decisão completamente legítima.
"Eu até acho que a União Europeia deveria ter participado da organização do referendo [na Crimeia em 16 de março de 2014], em vez de protestar", frisou.
Já o segundo aspecto, "um pouco mais delicado", não foi estudado pela União Europeia com a devida atenção, o que levou à escalada do conflito em Donbass, segundo Lebreton:
"A União Europeia, em vez de seguir e obedecer cegamente aos EUA, deveria ter lançado mão da sua posição e ajudar a Rússia e a Ucrânia na busca de uma solução. Isso não aconteceu, e como resultado nós vemos que dois países tiveram que interferir no assunto, no quadro dos Acordos de Minsk-2, ao passo que a UE esteve ausente".
"Resumindo, este pretexto não deveria ter sido usado para justificar a suspensão do fornecimento dos Mistrais", explicou o deputado.
Brasil ou terceira opção
As opções do futuro destino dos navios Mistral anunciadas pela França são duas: venda dos navios a um terceiro país (anteriormente, o conselheiro municipal de Saint-Nazaire, Gauthier Bouchet, não descartava a candidatura de Brasil como comprador) e o seu desmantelamento.
Há até quem afirme que era mais fácil e barato afundar os Mistrais.
Já Lebreton acredita que os navios poderiam ser entregues à Marinha francesa, se outras opções falharem. Afinal, perder anos de trabalho e enormes montantes de dinheiro gasto não é uma decisão racional.