A carga nuclear não é uma mercadoria comum que possa ser comprada e colocada num armazém. É um dispositivo técnico sofisticado que exige condições especiais de armazenamento e manutenção regular. Isto é justo mesmo no caso de cargas nucleares da Rússia e dos EUA, que alcançaram um alto nível de solidez. As cargas mais primitivas, que supostamente são que o Paquistão possui, exigem condições de armazenamento e manutenção ainda mais rigorosas. Assim, para servir a carga nuclear, é preciso ter a infraestrutura necessária e o pessoal, cuja preparação é longa e dispendiosa.
Assim, se a Arábia Saudita quiser dar um passo radical e tornar-se potência nuclear, terá de criar o seu próprio complexo nuclear. Mesmo se o Paquistão proporcionar tecnologias relevantes, a Arábia Saudita terá de ensinar os seus especialistas a realizar o seu próprio programa nuclear. A criação do seu próprio pessoal técnico nunca foi um aspecto forte da Arábia Saudita e a maior parte dos trabalhos tecnicamente sofisticados, inclusive os que estão ligados ao serviço do material blindado, são feitos por estrangeiros no reino.
Outra questão que merece ser considerada é a do transporte das armas nucleares. A Arábia Saudita tem a sua Força de Mísseis Estratégicos equipada com velhos mísseis chineses de médio alcance DF-3. Surgiram informações de que os sauditas também compraram os mísseis mais modernos DF-21, mas elas não foram confirmadas.
No conjunto, esta história continua a ter aspectos estranhos e pouco claros. Será que se trata de mais uma tentativa da Arábia Saudita de atrair a atenção para as possíveis consequências negativas do acordo nuclear estratégico entre o Irã e os EUA? Ora esta tentativa não pode ser considerada como um sucesso.