O esquema do período experimental também deveria obrigar os palestinos que vão a Israel para trabalhar a sair e voltar à Cisjordânia usando o mesmo ponto de controle.
Até o momento os trabalhadores palestinos podem entrar e sair de Israel através de vários pontos de controle, mas o novo esquema significa que eles deverão usar o mesmo ponto para a entrada e para a saída. Isto em alguns casos pode alargar o tempo de viagem por muitas horas.
Centenas de palestinos viajam para Israel dos territórios da Cisjordânia para trabalhar, principalmente na área de construção, e de cada vez devem possuir permissões de viagem quando atravessam a fronteira israelense.
“Não é preciso ser um especialista em segurança para entender que 20 árabes num ónibus junto com o motorista israelense, dois ou três passageiros e um soldado com uma arma é uma premissa para um ataque”, frisou o ministro citado pelo jornal Haaretz.
Neste aspeto o chefe do Centro de Direitos Sociais e Econômicos de Jerusalém (JCSER, na sigla em inglês), Zeyad Hammouri, disse que “o plano de separar palestinos e israelenses em ônibus diferentes… mostra uma das verdadeiras faces do Estado do Israel. Não é nenhuma surpresa. E não tem nada a ver com a segurança…”
Entretanto, esta não é a primeira iniciativa do Ministério da Defesa de Israel, que pretende reforçar a segurança do país. Por exemplo, em março os militares propuseram que o Israel seja completamente cercado por muros ao longo das suas fronteiras. Neste momento a única fronteira israelense que não tem um muro é a do lado da Jordânia.
No país existe ainda um muro fronteiriço com a Faixa de Gaza, assim como barreiras com a Síria e Líbano, no norte. Uma cerca de aço ao longo da fronteira com a Síria, nas Colinas de Golã, foi montada logo após início da guerra civil na Síria para evitar o influxo de combatentes e refugiados.
Israel construiu também uma barreira física na Cisjordânia durante a segunda intifada (rebelião dos palestinos) em 2000-2005.
Porém, a iniciativa do ministro da Defesa sobre a segregação étnica nos ônibus israelenses foi rejeitada pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu nesta quarta-feira (20).
“A proposta é inaceitável para o primeiro-ministro. Ele falou com o ministro da Defesa de manhã e foi decidido que a proposta ia ser congelada”, disse um representante do escritório de Netanyahu.