Após a rejeição por muitos países da UE de adotar um sistema de cotas para os imigrantes que pedem asilo ao serem resgatados no mar mediterrâneo, o primeiro-ministro da Itália anunciou planos para recuperar centenas de corpos da água para confrontar ministros europeus diante da gravidade da situação.
"Vamos para o fundo do mar e recuperar o barco”, disse ironicamente o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, aos jornalistas.
A morte de centenas de imigrantes no Mediterrâneo resultou em uma convocação para uma cúpula extraordinária da UE. O primeiro-ministro da Itália classificou o caso como uma "tragédia europeia".
A agência da ONU para refugiados, a ACNUR, disse que o naufrágio poderá se constituir a maior perda de vidas envolvendo uma travessia de migrantes para a Europa.
Ao comentar a rejeição por muitos países-membros da UE de adotar um sistema de cotas para distribuição de refugiados provenientes de países terceiros, o primeiro-ministro italiano disse:
"Há 500 a 600 corpos lá embaixo. O mundo tem que ver o que aconteceu. Eu quero que parem com sua atitude aqueles que não se importam e fingem que não estão vendo", destacou o primeiro-ministro italiano.
O programa de reassentamento de emergência da UE, proposto pela Comissão Europeia, afirma que "a UE necessita de um sistema permanente para compartilhar a responsabilidade pelo grande número de refugiados e requerentes de asilo entre os Estados membros".
A Grã-Bretanha, no entanto, disse que vai se recusar a aceitar quaisquer refugiados através do programa. "Nós não vamos participar de nenhuma legislação que imponha um sistema obrigatório de reassentamento ou realocação", afirmou o Reino Unido.
Vale notar que são justamente as lideranças europeias que intervieram em países no Oriente Médio, em particular na Líbia, no apoio à derrubada do governo de Muammar al-Gaddafi em 2011. Na Síria, o apoio do Ocidente às forças de oposição no país para derrubar o presidente Bashar Assad levou à emergência do Estado Islâmico, considerado o grupo terrorista de maior ameaça à segurança internacional.
Até os dias de hoje a situação política interna nestes países é instável e gera grandes deslocamentos de pessoas que buscam imigrar para a Europa. Agora, a Europa não sabe resolver a situação das constantes tragédias que envolvem as travessias arriscadas pelo Mediterrâneo.