Confusos, EUA pretendem proibir Japão de cooperar com Rússia

© AFP 2023 / JUNG YEON-JEDaniel Russel em março de 2015.
Daniel Russel em março de 2015. - Sputnik Brasil
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Na tarde da quinta-feira (21), o assessor do secretário de Estado norte-americano para Ásia Oriental e Pacífico, Daniel Russel, advertiu que o Japão não deveria buscar maior parceria com a Rússia.

A justificação oficial da proibição é a continuação do conflito ucraniano.

Em uma coletiva de imprensa, Russel afirmou estar convicto de que o governo de Shinzo Abe "permaneça fiel ao princípio de não continuar a cooperação na área de negócios [com a Rússia] nas circunstâncias atuais".

Mais cedo neste mês, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe tinha anunciado que não descartava a possibilidade de convidar o presidente russo, Vladimir Putin, ao Japão.

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Para Russel, o recente encontro do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, com Vladimir Putin e com o chanceler russo, Sergei Lavrov, não significa nenhuma mudança nas relações internacionais entre os dois países. Por isso, acha o assessor do diplomata norte-americano, os países que são parceiros dos EUA não devem mudar a sua atitude também.

Não há unidade

O cientista político japonês, membro do Clube de Valdai Ken Ishigooka acredita que trata-se de um estado de confusão dentro do governo dos Estados Unidos, que gera também confusão nos Estados que eles querem influenciar. Em entrevista à Sputnik Japan, Ishigooka destaca que o Japão não deveria prestar muita atenção aos "conselhos" de Washington:

"Há uma luta entre dois grupos lobistas dentro do governo dos EUA. Por isso, há duas opiniões também sobre às relações entre o Japão e a Rússia. Portanto, como estas duas opiniões se contradizem, a política japonesa não é afetada por elas. O Japão vê que a atitude dos EUA para com a Rússia está mudando, mas não conseguem compreender o sentido desta mudança".

Para o professor Ishigooka, o isolamento econômico dos EUA, iminente com a adesão em massa do resto dos países do mundo ao Banco Asiático de Investimentos na Infraestrutura (AIIB), fez com que Washington ficasse irritado.

"Desta maneira, os Estados Unidos ficam hoje em uma situação meio complicada, portanto não se pode acreditar no que eles dizem", explica o cientista político japonês a sua "opinião pessoal".

Comentando as palavras de Daniel Russel, Ken Ishigooka disse que não têm fundamento:

"Para mim, o que dizem os norte-americanos não é importante, porque eles não têm uma posição consolidada sobre a sua própria política <…> Se o Japão cancelar as sanções antirrussas, é provável que o presidente Putin chegue a Tóquio. Kerry já conversou com a Rússia. E [a chanceler alemã, Angela] Merkel já conversou. E todos os países que tinham introduzido sanções contra a Rússia, estão começando gradualmente a conversar com ela. Então, não é a hora de o Japão começar a conversar com a Rússia?"

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