Após os exercícios terem terminado (em 20 de maio), o lado norte-americano pediu várias vezes aos militares tailandeses que deixassem os aviões permanecer em Phuket e utilizar as ilhas como base aérea para operações humanitárias de pesquisa e ajuda aos navios com refugiados-rohingya (que se dirigem de Mianmar aos países muçulmanos fronteiriços da Tailândia).
Mas a Tailândia negou o pedido tendo em conta a atitude negativa das autoridades militares tailandesas face à interferência constante dos EUA na resolução da crise humanitária.
A recusa de organizar uma base na ilha de Phuket é a reação do governo tailandês à crescente pressão dos EUA, opina Elena Fomicheva, especialista em assuntos tailandeses do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia:
"É um meio de os generais manifestarem que são donos no seu próprio país. Desde a chegada ao poder na Tailândia do governo militar os EUA começaram a pressioná-lo exigindo realizar eleições, democratizar o país etc. Depois disso surgiu a acusação de organização de tráfico de imigrantes rohingya. Os generais tailandeses já manifestaram que os EUA interferem aos assuntos internos do país. A base na ilha de Phuket é absolutamente excessiva. Os EUA e Tailândia já estão ligados por uma longa cooperação militar. Os americanos realizam anualmente vários treinamentos militares nesta zona. As manobras Cobra Gold são as maiores e outros países também já aderiram a elas. Esta base tem um papel importante para os americanos. A ilha de Phuket fica na rota estratégica usada para transportar petróleo dos países do Oriente Médio aos países da região da Ásia-Pacífico. E no amplo contexto da sua luta com a China, a presença na ilha de Phuket seria muito importante para os americanos. Mas os tailandeses mostram assim ao seu aliado tradicional [EUA] o seu descontentamento com o aumento da sua pressão e interferência em seus assuntos internos", disse.
Os EUA já revelaram várias vezes o seu interesse na região da Ásia-Pacífico. Segundo o especialista em História, professor Angelo Segrillo, há uma forte sensação de que os EUA estão tentando criar uma versão asiático-pacífica da OTAN:
O momento é de reforço significativo do poder econômico da China. É por isso, avalia o historiador, que os Estados Unidos querem organizar um “cerco” em torno ao maior país da Ásia e futura maior economia do mundo.
A intervenção dos EUA irrita não só os tailandeses mas também outros povos da Ásia. Neste domingo (24) vários milhares de pessoas na capital do Japão, Tóquio, protestaram contra a transferência da base aérea dos EUA na cidade de Okinawa e a construção de uma nova no mesmo lugar. Eles exigem a retirada das tropas norte-americanas da prefeitura de Okinawa.