"Pensei muito sobre minha presidência e os últimos 40 anos da minha vida. Esses anos foram muito ligados à FIFA e este maravilhoso esporte que é o futebol. Aprecio e amo a FIFA mais do que tudo e só quero fazer o melhor para o futebol e para a instituição FIFA. Decidi me candidatar à reeleição porque estava convencido de que era a melhor opção para o futebol. As eleições terminaram, mas os desafios que a FIFA enfrenta não chegaram ao fim. A FIFA precisa de uma profunda reestruturação. Embora os membros da FIFA tenham de dado um novo mandato de presidente, este mandato não parece ser apoiado por todos no mundo do futebol. Fãs, clubes, jogadores… Aqueles que inspiram vidas por meio do futebol. É por isto que convocarei um congresso extraordinário e colocarei meu cargo à disposição", disse Blatter, em discurso lido na sede da entidade, em Zurique, nesta terça-feira.
"Continuarei a exercer minhas funções de presidente até que as novas eleições sejam realizadas. O próximo congresso ordinário da FIFA será realizado em 13 de maio, no México, e se esperássemos até lá só retardaríamos o processo. Por isso, pedi ao comitê executivo que organize um congresso extraordinário o mais rápido possível para eleger meu sucessor. O procedimento será levado adiante de acordo com o estatuto da FIFA, com tempo suficiente para que surjam os melhores candidatos possíveis para as eleições e que eles façam suas campanhas."
Valcke também renuncia
O fim do mandato de Blatter marca o fim de uma era que, de fato, começou nos anos 1970 com a presidência de João Havelange. O suíço, que exercia o papel de braço direito, apenas sucedeu o brasileiro e manteve a estrutura da entidade.
A posição de Blatter ficou ameaçada quando, na última segunda-feira, o jornal New York Times revelou que a Justiça americana também investiga seu secretário-geral, Jérôme Valcke, que também renunciou nesta terça-feira de seu cargo. Segundo diário, o dirigente francês era a pessoa que, na FIFA, autorizou o pagamento de US$ 10 milhões a Jack Warner, um ex-vice-presidente da entidade e homem forte do futebol de Trinidad e Tobago. O dinheiro seria uma retribuição ao voto dele pela África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010 e faz parte de um caso investigado pelo FBI.
Em nota emitida nesta segunda, a FIFA confirmava que o pagamento existiu entre a Associação de Futebol da África do Sul, que organizava a Copa de 2010, e países caribenhos, como uma forma de apoiar a "diáspora africana" na região. A entidade nega que seja propina e afirma tratar-se de um programa de desenvolvimento.