O problema cresceu depois de que muitos imigrantes que conseguiram entrar em França foram conduzidos até à fronteira franco-italiana, permanecendo agora na cidade italiana de Ventimiglia. A Itália está cheia de imigrantes e refugiados, sendo o país que mais sofre economicamente com o fluxo migratório do Magreb.
O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, declarou que o que aconteceu em Ventimiglia não foi um caso de fechamento da fronteira, mas sim uma ação de defesa das normas da zona Shengen.
"Em 2014, nós realizamos 15 mil deportações. O fenômeno acelerou desde o início do ano [2015]", comentou o ministro.
Parece que falta pouco para a última gota que fará o governo italiano tomar medidas mais duras na polêmica dos imigrantes. Segundo o colega italiano de Cazeneuve, Angelino Alfano, o acontecimento na fronteira franco-italiana "é só um prelúdio do que veremos se a zona Schengen for fechada".
"Nós não aceitaremos uma Europa egoísta", frisou o ministro.
Um dos passos já foi anunciado pelo governo de Matteo Renzi: um "plano B" secreto, cujos pormenores ainda não são divulgados mas que, segundo o próprio primeiro-ministro, "irá doer".
"Se a Europa optar pela solidariedade, então muito bem. Se ela não escolher esta opção, nós já temos um plano B. Mas isso irá doer muito, principalmente para a Europa", disse Renzi.
Existe um acordo semelhante com a Gâmbia, negociações com o Senegal, Bangladesh, Costa do Marfim, Mali e Sudão estão em curso.
Método europeu
Em abril, a União Europeia aprovou quotas de acolhimento de refugiados por cada país da UE, de forma a distribuir aqueles que chegam às costas italianas e gregas. Mas a Itália continua se queixando do número dos imigrantes que chegam ao país. Neste ano, já chegaram 200 mil só a Itália. A União Europeia pretende distribuir pelos Estados-membros 24 mil refugiados.
Além disso, para Fontana, a UE deve assumir uma parte da responsabilidade pelos refugiados africanos.
"O governo de Renzi deveria começar a bater a bater o pé no Parlamento Europeu exigindo que todos os Estados assumam a sua própria parte, notando que certas nações que agora fazem por ignorar o problema, são os próprios que, apoiando a Primavera Árabe de Obama e depois a operação na Líbia, desestabilizaram o Oriente Médio e a fronteira com a África subsaariana".
"É uma posição míope, já que depois dessas "operações de libertação" as pessoas fogem dos seus países. Tanto na Europa, como na Itália, por trás das missões militares a pretexto da liberdade e da democracia, está o espectro do mundo financeiro. O lucro, o dinheiro, é o único motor que move os grandes grupos de interesses a apoiar as operações militares", acredita Marco Fontana.
Recentemente, depois de discutir as quotas de imigrantes, a diplomacia da União Europeia, chefiada pela italiana Federica Mogherini, aprovou o início de uma missão militar com o codinome EUNAVFOR MED. Navios das Marinhas da UE poderão afundar lanchas com refugiados se as consideram como uma ameaça.
Em resultado, quem sofre é a própria Itália e a própria Europa. Pessoas que fogem dos países devastados por operações militares irão sempre buscar um país mais próximo para viver em paz. É lógico.