"A imigração é um dos problemas mais sérios que a União Europeia enfrenta hoje em dia. Os países da União Europeia estão procurando uma solução, mas a Hungria não pode se permitir seguir esperando", frisou o chefe do governo.
Segundo o político, trata-se de um muro de quatro metros de altura e de 175 metros de comprimento, o que corresponde à fronteira entre a Hungria e a Sérvia. O Ministério do Interior húngaro já foi encarregado de coordenar os preparativos para a construção.
No entanto, a Sérvia está indignada com a decisão das autoridades húngaras.
"A Sérvia não pode ser culpada de nada. Qual é a culpa da Sérvia? A crise síria, os acontecimentos em torno ao Estado Islâmico, os problemas curdos? A Sérvia é um Estado de trânsito para os refugiados, eles não chegaram à Europa através do nosso país, senão dos países da União Europeia, a Bulgária e a Grécia", disse o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic.
Para ele, a construção do muro húngaro é uma opção inadequada, porque a Sérvia não quer "viver em um Auschwitz".
Plano de quotas
O plano europeu prevê a remoção, dentro de dois anos, de 24 mil imigrantes situados na Itália e 16 mil situados na Grécia, oriundos da Síria e Eritreia e que chegaram a partir de 15 de abril de 2015.
Além disso, a Comissão Europeia também pretende pedir que os países da UE acolham 20 mil imigrantes ilegais que estão agora em campos de refugiados na Turquia, Jordânia e Líbano.
Vários países já registram altos índices de rejeição do plano europeu. Por exemplo, os resultados de uma opinião pública realizada por telefone na Eslováquia demonstrou que mais de 70% dos respondentes não apoia o plano de quotas.
10 países da UE, inclusive a França, a Eslováquia, a Espanha, a Estônia, a Hungria, a Letônia, a Lituânia, a Polônia, o Reino Unido e a República Tcheca, já declararam o seu repúdio às quotas.
Vários analistas estimam que a postura da UE é inconsistente, já que primeiro, este organismo apoiou a intervenção armada estrangeira à Líbia, Síria e outros países atingidos pela Primavera Árabe, provocando — logicamente o fluxo de refugiados — e agora, se queixa dos refugiados que ela mesma produziu.
Ontem, por meio de uma entrevista exclusiva, a Sputnik obteve um comentário de um representante de um dos países que mais sofreram com a atividade estrangeira de produzir refugiados, a Líbia. É Ahmed Kadhaf al-Dam al-Qaddafi, primo do ex-líder líbio, Muammar Kadhafi. Ele disse que, no início, o Ocidente chorava "lágrimas de crocodilo" em relação à situação no seu país, "mas hoje em dia nem essas lágrimas de crocodilo vemos".
Antecedentes murais
O anúncio do chefe do governo húngaro vem dois dias depois do escândalo que se deu em Ventimiglia, cidade italiana fronteiriça com a França, para onde um grupo de refugiados africanos foi deportado desde o norte francês. As autoridades italianas consideraram tal ação como um precedente de fechamento de fronteira no âmbito da zona Schengen e até anunciaram um "plano B" que iria "doer" à Europa.
Mais cedo neste ano, foi o Ministério da Defesa de Israel que propôs construir uma cerca na fronteira com a Jordânia, alegando a necessidade de proteger o novo aeroporto da cidade de Timna de possíveis assaltos jihadistas.
Além disso, houve informações sobre possível decisão do governo ucraniano de erigir um muro na fronteira com a Rússia. Só que a opção é bem difícil, já que antes da fronteira, no atual território ucraniano, está a região chamada Donbass, onde existem ás autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk, que não querem ser parte da Ucrânia. A Ucrânia realiza uma "operação antiterrorista" na região, que atualmente é um conflito armado e dura mais de um ano.
No entanto, as autoridades da Hungria querem fazer algo sem precedentes, bloqueando de fato uma fronteira inteira no centro da Europa e com um país que mantém regime sem visto com a União Europeia, à qual espera aderir.