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Itamaraty dá detalhes da viagem de Dilma Rousseff aos Estados Unidos

© flickr.com / ep_jhuAlém de Washington, D.C., comitiva brasileira passará por Nova York e São Francisco
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A Presidenta Dilma Rousseff viaja neste fim de semana para os Estados Unidos a fim de cumprir visita oficial de trabalho. A missão brasileira vai passar por compromissos em Nova York, Washington e São Francisco, e Dilma vai se reunir com empresários, visitará centros de pesquisa e terá um encontro com Barack Obama.

Representantes do Ministério das Relações Exteriores concederam entrevista coletiva para fazer um briefing sobre os focos da viagem, que tem como objetivo principal ampliar as relações comerciais e políticas entre os dois países.

Segundo o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Antônio da Rocha Paranhos, a visita de Dilma marca uma importante retomada do diálogo entre os dois países, tanto do ponto de vista político quanto comercial. "Eu acho que é importante contextualizar essa visita como um importante momento de retomada de contatos com a vertente política no mais alto nível, o próprio Presidente Obama e representantes de diferentes áreas do governo norte-americano, com a área empresarial tanto em Nova York quanto na Califórnia, e com a área de ciência em tecnologia e inovação. Durante a visita, além dos temas essencialmente bilaterais, também serão tratados temas da agenda internacional, como reforma das Nações Unidas, ampliação do Conselho de Segurança, crises regionais e situação internacional em geral."

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Esta vai ser a primeira visita oficial da presidente aos EUA, após Dilma ter cancelado viagem àquele país em 2014, depois de denúncias de espionagem virem à tona pelo ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional americana, Edward Snowden, revelando que os EUA monitoravam as atividades de outros países e de seus líderes, incluindo a Presidenta Dilma e a chanceler alemã, Angela Merkel.

De acordo com o Embaixador Paranhos, pelos últimos encontros entre Dilma e Obama, o assunto de espionagem entre os países já foi resolvido e superado há muito tempo. "Essa visita da presidenta foi cuidadosamente planejada, e precedida de uma série de contatos de alto nível, não só conversas diretas com o Presidente Barack Obama, frente a frente no Panamá, mas também por telefone e com o Vice-Presidente Joe Biden. Eu acho importante não tentar requentar esse assunto, que a essa altura já está para lá de resolvida entre os dois países."

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os Estados Unidos ocupam hoje a posição de segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, e o intercâmbio comercial tem crescido continuamente. Os EUA representam 13,7% do total de comércio exterior do Brasil.

O Embaixador Carlos Antônio da Rocha Paranhos chama atenção ainda que a Presidenta Dilma vê na visita aos Estados Unidos uma grande oportunidade de mostrar a importância da retomada de investimentos norte-americanos no Brasil, no momento em que o Governo acaba de lançar o Plano de Investimentos em Logística, que prevê até 2018 concessões em áreas como aeroportos, portos, rodovias e ferrovias, com estimativa de que o pacote envolva R$ 198,4 bilhões em investimentos. "Haverá oportunidade para que a presidente apresente a diferentes interlocutores, inclusive nas áreas financeira e empresarial, o Plano de Ajuste Fiscal que o Brasil está atravessando. E, sobretudo, que transmita a mensagem da importância no contexto de retomada de relações, da captação de investimentos norte-americanos, da retomada do diálogo e da ação no plano econômico-financeiro, num momento em que estamos implantando um novo e importante programa de investimentos na área de infraestrutura."

O diretor de Promoção Comercial do Itamaraty, Rodrigo de Azevedo, deu explicações sobre o intercâmbio comercial do Brasil com os EUA, que em 2014 superou US$ 62 bilhões. Deste total, US$ 27 bilhões foram exportações brasileiras e US$ 35 bilhões foram exportações dos Estados Unidos, o que representa um déficit na balança comercial do Brasil com os EUA de US$ 8 bilhões. Mesmo assim, Rodrigo de Azevedo ressaltou que tem havido uma recuperação do fluxo comercial, e que o mercado americano é muito importante para a indústria brasileira. "As nossas exportações para os EUA correspondem a um mercado que absorve uma boa parte das nossas exportações de manufaturados, um mercado extremamente importante para exportações de bens industriais brasileiros. Eu posso citar alguns setores, como o de máquinas, o de equipamentos, o setor siderúrgico, de ferro e aço, de aviões da Embraer. O fato de nós termos acumulado ao longo dos anos algum déficit comercial com os EUA pode ser explicado por diversas razões, mas o que a gente percebe é que tem havido uma recuperação, e, como eu disse, trata-se de um mercado importantíssimo."

Rodrigo de Azevedo aproveitou para destacar ainda o importante encontro que a Presidenta Dilma vai ter na Califórnia, nas áreas aeroespacial, de TI, de Biotecnologia e de Biomedicina. "A presidente vai ter um encontro contando com o apoio da empresa Boeing e com outras empresas americanas do setor aeroespacial. A Embraer também foi convidada, e sabemos que novas empresas americanas estão interessadas em fazer negócios com a Embraer, sobretudo na área de pesquisa e desenvolvimento para o setor aeroespacial. No setor de TI, a Presidenta Dilma vai fazer uma visita ao Google. Eles querem também anunciar novos empreendimentos do Google no Brasil. Outras empresas também vão poder a presidente sobre suas intenções, seja de ampliar, seja de desenvolver parcerias tecnológicas e de inovação com o Brasil. Há também uma visita ao Instituto de Pesquisa da Universidade de Stanford, na Califórnia, mais voltada para as questões de Biotecnologia e Biomedicina, e a nossa intenção é aproximar aquele instituto de instituições brasileiras privadas ou públicos que trabalham também nesse setor."

Outros acordos e negociações entre o Brasil e os Estados Unidos também estarão em discussão durante a visita da Presidenta Dilma àquele país.

O subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Carlos Antônio da Rocha Paranhos, destaca as questões de energias renováveis e as mudanças climáticas, numa preparação para o que vai ser discutido na COP 21 – Conferência das Partes das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, que acontecerá em novembro na França. "Um dos tópicos mais importantes a serem tratados é justamente essa questão de mudança climática e da preparação dos dois países para a grande reunião da Conferência das Partes, que vai acontecer em Paris no final do ano. Espera-se que os dois governos adotem uma declaração sobre compromissos em matéria de mudança de clima, agora por ocasião da visita presidencial. Sobre as energias renováveis, é óbvio que isso faz parte da agenda de discussão bilateral em termos de retomada sobre esses temas. Sabemos que tanto o Brasil quanto os EUA têm grande interesse nisso, e é preciso afinar os entendimentos em relação a diferentes tipos de energias renováveis."

O Embaixador Paranhos também destacou que outra questão que deve ser finalizada é a da exportação da carne brasileira para os Estados Unidos. "Sobre o agronegócio, o grande interesse neste campo é a formalização de entendimentos sobre a abertura recíproca dos mercados para a carne. É uma questão que vem sendo tratada há muito tempo. Sabemos que os EUA estão finalizando e deverão anunciar o término do processo de análise da situação da carne brasileira para permitir o acesso ao mercado norte-americano de carne do Brasil. São discussões técnicas que têm ocorrido entre técnicos do Ministério da Agricultura do Brasil e norte-americanos, para assegurar que haja perfeito entendimento em matéria de normas que permitam o acesso de carnes americanas ao Brasil e de carnes brasileiras aos Estados Unidos."

Sobre a questão de liberação de vistos entre os dois países, o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores disse que há uma expectativa de que durante a visita de Dilma aos EUA os países anunciem a entrada do Brasil ao programa Global Entry, que permite a entrada em território norte-americano sem passar pelas filas de imigração, no caso de pessoas que são viajantes frequentes. "As negociações estão bem avançadas, e há uma disposição política entre os dois países de anunciar isso durante a visita. Há duas coisas que são distintas: uma é o programa Global Entry, que estabelece uma espécie assim de trâmite rápido para a entrada em território norte-americano – é um programa para viajantes frequentes, que está sendo negociado. A outra questão é a da isenção de visto. Isso é uma questão de mais longo prazo, e é importante separar bem a questão para não criar a expectativa de que haveria um anúncio de isenção de visto, que não vai ser o caso."

Dentro deste assunto, o Embaixador Paranhos ressaltou: "Haverá também um importante acordo entre os dois países na área de Previdência Social, e que permitirá tanto a brasileiros vivendo nos EUA quanto a norte-americanos vivendo no Brasil beneficiar-se das contribuições às respectivas previdências sociais e da harmonização das suas contribuições, de maneira que não haja prejuízo por interrupção de contribuições ou por migração de contribuições de um sistema para outro."

A Presidenta Dilma Rousseff ficará nos Estados Unidos até o dia 1.º de julho.

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