A Sputnik destaca os momentos contraditórios do documento.
Irã
“O programa nuclear iraniano provoca preocupação dos aliados americanos na região e fora dela. O Irã apoia grupos terroristas na região e está ativo na Síria, Iraque, Iêmen e Líbano”, diz-se na estratégia. Porém, não está muita clara a conexão entre o programa nuclear iraniano e apoio ao terrorismo por parte do Irã.
Além disso, as acusações contra o Irã pelo patrocínio de terrorismo são infundadas. A assinatura do acordo sobre o programa nuclear iraniano, pelo contrário, contribuirá para a estabilização da situação e diminuição das tensões no Oriente Médio, opina o ex-funcionário da embaixada do Irã no Líbano Seyed Hadi Afgahi:
“O ministro do Exterior do Irã Mohammad Javad Zarif manifestou que o acordo universal [programa nuclear iraniano] não prejudicará nenhum país que tem fronteira com o Irã e não causará danos a nenhum país da região. Ao contrário, ao alcançar o acordo sobre o seu programa nuclear, o Irã estende a mão aos seus vizinhos meridionais – aos países do Golfo, inclusive aos aliados dos EUA, isto é a Arábia Saudita”, disse.
Afgahi também sublinhou que, segundo o chanceler iraniano, é muito importante que os países da região se sentem à mesa de negociações e tentem resolver em conjunto e de maneira pacífica todos os atuais problemas regionais.
Rússia
De acordo com o documento, o exército dos Estados Unidos deve estar preparado para fazer frente a 'estados revisionistas' como a Rússia que desafiam as normas internacionais, diz-se no comunicado do Pentágono dedicado às questões estratégicas.
Segundo os militares americanos, a Rússia "mostrou em diversas ocasiões que não respeita a soberania de seus vizinhos. Suas ações militares minam a segurança regional tanto diretamente quanto através de forças subsidiárias".
A retórica agressiva dos EUA já provocou críticas por parte das autoridades russas:
"Nesta situação só podemos lamentar, porque a estratégia de segurança é um documento projetado para uma perspectiva de médio e longo prazo e o aparecimento de tais formulações num documento destes mostra a disposição de confrontação, privada de qualquer objetividade em relação ao nosso país, especialmente na perspectiva de longo prazo", declarou a jornalistas na quinta-feira (2) o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov.
Além disso, ele opina que comparar a Rússia e o Estado Islâmico como ameaças semelhantes também é um exemplo de astúcia dos americanos:
“É simplesmente mais cômodo declarar a ameaça russa e apelar aos aliados e à sociedade americana para trabalharem nesta direção… Porque realmente pôr-se a trabalhar e prestar atenção ao inimigo verdadeiro, isto é ao Estado Islâmico, exigirá muito mais esforços além de retórica. Aqui [no caso da Rússia] é possível usar a retórica e mais nada, mas ali será preciso combater realmente”.
Além disso, o especialista não acha que a Rússia faça algo que possa ser interpretado como violação de normas internacionais e abalar a segurança no mundo, ao contrário dos EUA que “agem como se todo o globo terrestre fosse território dos seus interesses”.
“A pátria para eles [os americanos] é o mundo todo e, por isso, as tropas americanos estão presentes por toda a parte. A Rússia não faz isso”, opina Konovalov.
“O presidente Obama manifesta abertamente que o objetivo dos Estados Unidos é permanecer uma força hegemónica no mundo. Será que a Rússia pode ser acusada disso?”, questiona o cientista político.