Na segunda-feira, o vice-chanceler da China, Cheng Goping, declarou que a China está conduzindo negociações com a Grécia e a UE sobre a crise da dívida grega. Isso é já uma mudança significativa: geralmente, é um representante oficial do ministério quem transmite as declarações aos jornalistas.
O referendo na Grécia ocorreu dois dias antes da cúpula dos BRICS em Ufá. Á China é a maior economia do grupo e sede da infraestrutura econômica e financeira alternativa ao Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). A Europa é um mercado importante para esse país, e para os BRICS em geral, de modo que estes não estão interessados numa crise na Europa.
Por isso, é bem posível esperar uma reação por parte desta associação de países.
A China especialmente, neste contexto, pode utilizar a Grécia como plataforma de investimento internacional prestando-lhe ajuda prática, acredita o economista Aleksandr Salitsky:
"Eu posso supor que programas que se têm iniciado muito ativamente nas relações sino-gregas, relacionados com o turismo, terão continuação, sim. Pode haver também a transferência de unidades de produção industrial da China para a Grécia. Os chineses poderão contribuir para realizar o desejo da Grécia de se tornar um dos pontos importantes de trânsito de hidrocarbonetos da Rússia para a Europa".
Depois, Tsipras ligou para Angela Merkel e disse que a Grécia está pronta para apresentar suas propostas em uma reunião extraordinária dos presidentes da Zona do Euro, dedicada ao referendo grego.
Em 2011, a Alemanha estudava estabelecer, no seio do FMI, um fundo adicional de ajuda aos Estados devedores. Este fundo auxiliar seria nutrido pelos BRICS. Porém, naquele momento a iniciativa fracassou. Na semana passada, o WikiLeaks revelou que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA espionou os responsáveis por esse projeto.