O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu nesta quarta-feira que a União Europeia aja em "solidariedade com a Grécia, para que as reformas necessárias sejam feitas".
As instituições europeias e os credores esperam receber propostas de Atenas até à meia-noite de quinta-feira. Eles terão 48 horas para examiná-las antes da cúpula no domingo.
A Grécia está sob intensa pressão para elaborar um plano de última hora de reformas econômicas, aumento de impostos e cortes de gastos para garantir um futuro na zona do euro e evitar o colapso financeiro. A Grécia comprometeu-se a fazer reformas na área dos impostos e das pensões "a partir da próxima semana" em troca de um empréstimo a três anos ao Mecanismo Europeu de Estabilização (MEE), indicou o ministro das Finanças grego.
Agora é especialmente evidente que a Grécia não quer sair da zona do euro. O próprio Tsipras disse no seu discurso ao Parlamento Europeu:
"Se quisesse sair do euro, não tinha vindo aqui".
Ele também negou que haja um plano "secreto" para tirar o país da zona do euro, segundo boatos que circularam pelos corredores do eurogrupo no início desta semana. A Comissão Europeia e alguns países que exercem liderança no bloco, como a França e a Alemanha, são contra a saída dos gregos da UE.
A proposta enviada por Tsipras e por seu ministro das Finanças, Euclidis Tsakalotos, prevê que, com o novo financiamento, a Grécia comece a reformar o seu sistema de pensões imediatamente, assim como o sistema fiscal. As propostas atendem ao pedido da chanceler alemã, Angela Merkel, que pediu um plano "mais duro" aos gregos nesta terça-feira.
As propostas inflamaram o parlamento europeu, com aplausos, vaias e gritos. Mas Tsipras continua repetindo a palavra "solidariedade", que irrita muito a maioria dos políticos europeus. Assim, ele lembrou que um gesto de grande solidariedade na História da Europa foi quando, em 1953, a dívida de guerra da Alemanha foi perdoada em 60%. Isso permitiu a Alemanha recuperar rapidamente após a derrota e reemergir como potência econômica mundial.
Passou mais de meio século e a situação econômica do mundo mudou, mas a Grécia aparentemente espera que o cenário de 1953 possa ser aplicado para manter a Grécia na zona do euro.
"O euro e a austeridade são gêmeos siameses. O seu povo não vai escapar de austeridade sem sair do euro", respondeu a Tsipras a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen.
Ao que parece, as coisas não se vão esclarecer até a cúpula no domingo.