Putin: Ainda é cedo para burocratizar os BRICS

© Sputnik / Aleksei Druzhinin  / Acessar o banco de imagensPresidente da Rússia Vladimir Putin, em Ufa
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Falando em coletiva para resumir a cúpula da SCO, o presidente russo não pôde omitir os BRICS.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acaba de dar a coletiva de imprensa em que resumiu os resultados da cúpula da SCO.

A Organização para Cooperação de Xangai (SCO, pela sigla em inglês) existe há cerca de 15 anos e nesta cúpula virou mais uma página, acionando, pela primeira vez na sua história, o mecanismo de aceitação de novos membros, que são o Paquistão e a Índia.

Para o presidente russo, as reuniões desta semana, que principiaram com a cúpula dos BRICS, significaram a "culminação da presidência russa nestas relevantes estruturas internacionais".

A relevância e a importância tanto dos BRICS, como da SCO, que abrange 15 — já serão 17 — Estados da região eurasiática (com Cazaquistão, China, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão como fundadores originadores, em 1996), é destacada, para Putin, pelas decisões comuns que ligam países bastante diferentes.

"Cada um dos nossos países tem a sua própria via de desenvolvimento, o seu próprio modelo de crescimento econômico, história e cultura ricas. E é nesta diversidade, na convergência de diferentes tradições, que está a força dos BRICS e da SCO", frisou o presidente russo.

A busca de compromisso e consenso mútuo por Estados e economias tão diversas é "garantia da estabilidade", declarou o chefe de Estado russo.

Economias superarão crise

No que toca à economia, Vladimir Putin comentou a situação econômica nos países-membros dos BRICS, qualificada por vários analistas como crise. Falou do Brasil, da China e da própria Rússia, dizendo que esses países com certeza irão superar a situação difícil. 

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Comentando a infraestrutura econômica e financeira dos BRICS, que inclui o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD, ou Banco dos BRICS) e o Arranjo Contingente de Reservas (CRA), o presidente russo frisou que ainda é cedo falar dos BRICS como bloco internacional formalizado.

"Ainda não há a necessidade de burocratizar", frisou, destacando que a coordenação necessária será realizada através do secretariado virtual dos BRICS. Ontem, a Sputnik Brasil falou em Ufá com o autor do novo site comum dos BRICS.

O Brasil é um participante ativo da infraestrutura econômica e financeira dos BRICS, com a participação do BNDES, chefiado por Luciano Coutinho, e com Paulo Nogueira Batista Júnior como vice-presidente do NBD.

Assuntos regionais

A partir de amanhã, a Rússia transfere a presidência rotativa da SCO para o Uzbequistão, país vizinho do Cazaquistão, do Quirguistão e do Tadjiquistão, e que faz também fronteira, no sul, com o Afeganistão. Esse último país, na sua qualidade de observador na SCO, também esteve presente na cúpula, tanto em discussões, como fisicamente: o presidente Ashraf Ghani Ahmadzai teve uma reunião com os presidentes dos países-membros do organismo.

Mais cedo nesta sexta-feira, o Afeganistão foi qualificado por Viktor Ivanov, chefe do Serviço Federal de Controle de Drogas da Federação da Rússia, como um dos dois centros mundiais de tráfico de drogas que geram mais preocupação. Para Ivanov, o Afeganistão é vítima da ineficiência da ONU, que precisa agora formular um plano de ações para combater o narcotráfico nesse país, que supera o orçamento nacional em mais de 10 vezes.

Vladimir Putin comentou também a situação na Ucrânia, onde o processo de paz está quase parado. Disse que uma solução pacífica do conflito é a única viável.

Já a Declaração de Ufá, documento oficial assinado pelos presidentes dos países-membros da SCO nesta sexta-feira, frisa que todas as partes do conflito na Ucrânia precisam cumprir os Acordos de Minsk de 12 de fevereiro de 2015, que preveem a retirada de armas e a preparação da base para um diálogo pacífico e eficiente.

Grécia

Sem participar diretamente de nenhuma das cúpulas de Ufá, a Grécia tornou-se um assunto importante. Depois do referendo do domingo passado, quando o povo grego votou contra a austeridade imposta pela União Europeia, o país entrou em calote. Os bancos permanecem fechados, e várias fontes informam que só é possível tirar 50 euros por dia com o cartão bancário.

No entanto, a Grécia não pediu ajuda nem aos BRICS, nem à SCO. Esses países acompanham a situação na Grécia com preocupação, porém acreditam que a hora de agir ainda não chegou.

O presidente Putin, na coletiva, disse que a Rússia "tem, sim, a capacidade de ajudar os seus parceiros". Mas a Grécia mantém negociações difíceis com a União Europeia, sem pedir ajuda à Rússia.

Segundo Putin, a situação grega é consequência do sistema financeiro e econômico da Zona do Euro, onde os países deixam de ter a possibilidade de gerir a sua economia.

A Rússia, como todos os países dos BRICS e da SCO, espera que a Grécia resolva a sua crise. No entanto, há especulações de que a Grécia possa vir a pedir ajuda aos BRICS ou mesmo à Rússia.

 

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