Gustavo Machín, o diretor assistente para assuntos dos EUA do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, declarou na quinta-feira (16) sugerindo a falta de respeitar exigências de Cuba, feitas no âmbito da reaproximação declarada entre os dois países:
“Tem que respeitar as palavras do presidente [norte-americano]… mas deve-se comprovar o que acontece na realidade”.
Enquanto isso, ainda persistem várias questões não resolvidas. A primeira delas é o embargo que faz parte das sanções econômicas contra Cuba, introduzidas há já mais de 50 anos.
Falando das sanções, nesta sexta houve uma reunião de representantes do círculo de empresários dos EUA que trabalham em desenvolvimento de portos. Tatiana Poloskova, redatora-chefe da redação da América Latina da agência de informação Regnum, que estava no evento, disse à Sputnik Brasil com exclusividade:
“Segundo a informação que eles receberam do Departamento de Estado dos EUA, as sanções serão levantadas dentro de um período que pode ser de um ano e meio ou um pouco mais. Já agora estão sendo resolvidas as questões de investimentos em Cuba, primeiramente, para desenvolver portos, quer dizer, no sistema logístico”.
A especialista comentou a opinião sobre possíveis planos dos EUA de mudar o governo de Cuba, ligando os dois problemas:
“Se as negociações sobre portos estão realizados lá, já podemos dizer que os Estados Unidos podem entrar em Cuba economicamente só em caso de mudança do regime. Com o regime existente, eles não irão arriscar investir o seu dinheiro”.
Já o redator-chefe da revista América Latina, da Academia de Ciências Russa, Vladimir Travkin, opinou à Sputnik Brasil que Cuba vê as tentativas dos EUA de mudar o regime “com calma”, porque “o poder cubano é forte, os líderes cubanos são experientes”:
O especialista ainda sublinhou que para a Rússia este momento diplomático é interessante, “os cubanos estão prontos para ter relações boas conosco, e Moscou também está pronta para ter boas relações com Cuba”.
O líder de Cuba, Raúl Castro, exigiu também que EUA devolvam o território de Guantánamo, e pediu também que os EUA parassem financiar a oposição cubana. Tatiana Poloskova lembrou-se nesta conexão das palavras do famoso comandante da revolução cubana:
“Como disse o comandante lendário Che Guevara, ‘não se pode confiar nos americanos, nem um pouquinho… Nada!’”
“Ela [oposição] é financiada realmente por eles [EUA]. A oposição de Cuba, organizações da oposição têm escritórios em Havana e os EUA fornecem todo o necessário.”
Assim os EUA mais uma vez utilizam a sua política preferida de padrões duplos e a especialista disse, que para forçar lhes deixar essa política, é preciso “mostrar a força”:
“Eles têm uma visão primitiva e ignorante à política. Atualmente não vence quem é mais forte, mas aquele que tem maior esfera de influência, e não precisamente influência militar ou mesmo política – podem ser esferas completamente diferentes. Por exemplo, as empresas petrolíferas transnacionais, elas são a elite, a influência delas é maior da influência de qualquer presidente, pode ser e provavelmente mesmo o presidente dos EUA. São eles quem manda, e não são mandados. Cuba, a propósito, tem petróleo”.
Mesmo que a parte das exigências cubanas já foram realizadas, Cuba foi retirada da lista de patrocinadores do terrorismo e as embaixadas estão prontas para se reabrirem, as relações entre os dois países continuam incertas. Não obstante as declarações dos EUA, esse país parece seguir o seu jogo de sempre.