Direto de seu gabinete de trabalho em Genebra na Suíça, a médica brasileira concedeu entrevista exclusiva à Rádio Sputnik Brasil na qual destacou, além de Brasil e Rússia, outros países que têm-se destacado em medidas contra o vício do fumo como, por exemplo, a sua proibição radical em ambientes fechados. Austrália, Inglaterra, Irlanda, Canadá e Turquia fazem parte deste grupo que, na opinião da Dra. Vera da Costa e Silva, vem fazendo um grande trabalho no combate ao tabagismo e nas medidas sanitárias e administrativas adotadas com a população e em relação à indústria fumígena.
Perguntada se a Organização Mundial de Saúde dispõe de estudos sobre o cigarro eletrônico e o mal que este produto possa causar, a Dra. Vera da Costa e Silva respondeu:
"Em seu mais recente Congresso sobre esta matéria, a Organização Mundial de Saúde concluiu que as evidências ainda são insuficientes para que se obtenham conclusões definitivas. No entanto, os representantes dos países participantes deste Congresso e os membros da Organização Mundial de Saúde adotaram a posição de que é preciso ter muita cautela com esta matéria. Assim, estamos recomendando para que seja proibida a promoção e a publicidade enganosa do uso do cigarro eletrônico, e de que este produto chegue a crianças e adolescentes. Também estamos recomendando que sejam desprezadas todas as declarações em torno de possíveis "benefícios" que o cigarro eletrônico possa provocar. E o que é mais importante: estamos pedindo a atenção das autoridades de países da África porque temos evidências de que o consumo de cigarros eletrônicos por parte de crianças e adolescentes neste continente está, na verdade, mascarando o uso de outras substâncias tóxicas, ou seja, drogas. Também queremos conscientizar as gestantes para que, em hipótese alguma, utilizem este produto. O cigarro eletrônico deve ainda ser proibido em qualquer ambiente fechado. Agora, o que é mais importante ressaltar: constatamos que a indústria tradicional do fumo (tabaco) está cada vez avançando mais em direção aos fabricantes de cigarros eletrônicos, procurando absorvê-los. Qual o objetivo? Ainda não sabemos mas, de qualquer forma, estamos pedindo aos governos o máximo de atenção para com este fato."
A Dra. Vera da Costa e Silva concedeu esta entrevista à Rádio Sputnik Brasil na sexta-feira, 16 de julho de 2015, logo após regressar de Irkutsk, na Rússia, onde participou da reunião preparatória para o encontro que os Ministros da Saúde dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) terão neste segundo semestre em Moscou.
Antes de ser alçada à Secretaria Para a Convenção Quadro Para o Controle do Tabaco junto à Organização Mundial de Saúde, a Dra. Vera da Costa e Silva foi gerente da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer, e gerente também do Centro de Estudos de Tabaco e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, entidade sediada no Rio de Janeiro.