Lembramos que em 11 de julho os militantes do Setor de Direita entraram em confronto com a polícia e homens de negócios locais da cidade de Mukachevo no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Hungria. O conflito resultou em disparos de armas ligeiras e lançadores de granadas. Segundo os últimos dados, quatro pessoas morreram na sequência dos confrontos e mais 14 foram feridas. Os radicais explicam as suas ações pela luta contra contrabanda que segundo eles é patrocinada por funcionários públicos locais.
Ontem, na terça-feira, cerca de três mil militantes do Setor de Direita reuniram-se na praça da Independência (Maidan Nezalezhnosti) em Kiev numa manifestação, transmitiu um jornalista da RIA Novosti do local. Durante a manifestação ouviram-se declarações antirrussas e contra o atual governo ucraniano. O líder do movimento, Dmitry Yarosh, manifestou que o congresso do Setor de Direita realizado anteriormente neste dia marcou uma “nova etapa da revolução ucraniana”.
A situação em torno do Setor de Direita foi comentada pelo ex-deputado da Suprema Rada ucraniana do partido das Regiões, Vladimir Oleinik, que tem uma opinião bastante negativa sobre a mencionada organização radical:
“Hoje em dia o patriotismo na Ucrânia é um abrigo para vilões. [O novo governador da região de Zakarpatye Gennady] Moskal disse que 80 por cento no Setor de Direita são pessoas que anteriormente foram condenados por crimes, reincidentes, pessoas que cometem atos de violência e roubos, pessoas armadas que usam máscara de patriotismo e começam a mostrar que são uma força”.
Oleinik não acredita que a sociedade ucraniana possa apoiar as ideias radicais do Setor de Direita e culpa o poder atual pelo crescimento de atividade de radicais:
“Agora [ocorre] a etapa de estabelecimento de ditadura, por isso acontece a radicalização do próprio poder e não da sociedade. Por isso Yarosh insiste em que a operação em Donbass seja chamada de uma guerra genuína… Mas isto contradiz a opinião da sociedade: as últimas sondagens mostram que 60 por cento não apoiam a guerra, 50 por cento, o que nunca aconteceu durante o nosso poder, concordam que a língua russa deve ser a segunda língua oficial se com tal na Ucrânia se estabeleça estabilidade, paz e unidade”.
Willi Wimmer, vice-porta-voz da Assembleia Parlamentar da OSCE por sua vez disse o seguinte:
“As ações do Setor de Direita – em primeiro lugar no oeste do país – permitem dizer que o país está partindo em várias partes. É difícil para nós compreender a posição das atuais autoridades ucranianas… Não é preciso ter ilusões sobre as perspectivas do atual governo de lidar com os principais problemas. Os acontecimentos na Ucrânia estão se desenvolvendo num cenário perigoso e as suas consequências podem ameaçar a segurança da Europa”.
Pierre Lorrain, jornalista e especialista da Rússia e do espaço pós-soviético até compara o Setor de Direita com o Estado Islâmico:
“Eu acho que tanto o Estado Islâmico, como o Setor de Direita são organizações terroristas porque não podem existir senão por meio de medo que eles induzem na população”.
Em novembro de 2014 a Corte Suprema da Rússia reconheceu o Setor de Direita como uma organização extremista e proibiu sua atividade no território russo. Em janeiro de 2015, na Rússia o grupo foi incluído na lista de organizações proibidas; o líder do movimento Dmitry Yarosh enfrenta igualmente acusações de incitação à atividade terrorista.