Há uma coisa que sim se conhece: todas as partes do conflito estão presentes nas negociações. E isso deve-se à ativa participação do Paquistão, que advogou pelo diálogo.
O papel da China como parte neutra é também importante. As tentativas dos EUA de convocar negociações dedicadas à busca de uma solução do conflito no Afeganistão fracassavam principalmente devido ao fato de os EUA estarem envolvidos no próprio conflito. A China, pelo contrário, tem mais limite de confiança ao oferecer apoio ao diálogo, inclusive para ambas as partes, nota o diretor do Centro de Pesquisa dos EUA da Universidade Popular da China, Shi Inghong:
“Aqui, a China pode desempenhar um papel especial, o papel de “ponte”, já que ela, durante um longo tempo, tem mantido relações tanto com o governo, como com o Talibã, fomentando o interesse à situação no Afeganistão. A China guardou umas relações igualmente boas tanto com a capital, como com outras regiões do país”.
Para o especialista russo Vladimir Evseev, do Centro de Pesquisa Social e Política, a China tem muita possibilidade de acalmar a tensão no Afeganistão – ou, pelo menos, poderá “conservar” a situação no seu estado atual. A principal incógnita neste assunto é a reação da Índia e do Irã, diz Evseev:
“Ambos estes jogadores têm seus interesses no Afeganistão. Se o diálogo tiver êxito, o envolvimento destes Estados é provavelmente iminente, já que é impossível estabilizar a situação no Afeganistão sem eles”.
A China se apresenta como uma alternativa séria aos EUA na região. O contingente militar estadunidense começou neste ano a sua retirada formal do Afeganistão, após anos de bombardeios, golpes e confrontos que não prestaram resultados substanciais.
As negociações organizadas por Pequim terminam amanhã. Devido à condição de sigilo em torno a elas, ainda não há comentários oficiais. Portanto, nesta sexta-feira será possível conferir se a aproximação chinesa ser á aceitada como uma alternativa boa ao militarismo dos EUA.