Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o físico Marcelo Souza, professor da UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense e presidente do Clube de Astronomia de Campos, RJ, diz que a elaboração do Código de Conduta Internacional para Atividades no Espaço Exterior é altamente necessária:
“Trata-se de uma necessidade do nosso tempo, que é a de ter algum código de conduta que regule os lançamentos de foguetes, a ocupação do espaço exterior e, principalmente, os satélites que em órbita da Terra”, comenta o Professor Marcelo Souza. “Porque, como não há regulamentação acordada entre todos os países, fica meio vago o que pode ser feito ou não, se pode militarizar-se o espaço ou não, até mesmo se podem ser colocadas armas em torno da Terra. São riscos, portanto, que exigem normas para acompanhamento. E, para isso, é preciso ter regras claras que disciplinem essas questões.”
Segundo Marcelo Souza, as discussões sobre a elaboração do Código de Conduta Internacional para Atividades no Espaço Exterior começaram, de forma efetiva, há 7 anos:
“O esboço que está sendo analisado com mais cuidado é o feito pela União Europeia, um texto que vem sendo elaborado desde 2008. Este rascunho já previa que a regulamentação do uso do espaço exterior tem de passar pelo crivo da ONU. A Organização das Nações Unidas tem, inclusive, um subcomitê jurídico que aprecia o uso do espaço. Acredita-se que a regulamentação final do Código deverá ser apresentada em 2016, através deste subcomitê.”
Para o Professor Marcelo Souza, a regulamentação do uso do espaço é vital sob muitos aspectos:
“Esta é uma preocupação muito grande de todos nós. Toda a tecnologia de ponta sempre vislumbra o seu uso militar. Temos conhecimento de que vários países utilizam o espaço principalmente para fazer espionagem. O espaço é uma grande possibilidade para a observação de todas as nações, através da obtenção de imagens, detalhes e dados. Também no espaço, há uma enorme quantidade de satélites dos quais nada sabemos sobre o seu destino final, sobre o que eles contêm, e quais são as suas funções. Temos ainda de considerar os vários lançamentos que não podem ser rastreados, e, então, fica-se sem saber o que foi colocado em órbita da Terra.”
Ainda segundo Marcelo Souza, “a China fez em 2007 uma operação em que conseguiu destruir um satélite em órbita da Terra. A suspeita era de que aquele satélite poderia ser um instrumento para uma eventual ‘guerra nas estrelas’”.