Várias organizações indígenas e camponesas da Bolívia solicitarão um referendo para ajustar a Constituição e reeleger em 2020 o atual presidente Evo Morales, segundo informou a rede Telesur.
"Vamos lançar de maneira orgânica o correspondente referendo, para que a população defina a reforma constitucional", disse Hilarion Mamani, líder do “Conselho Nacional de Markas e Ayllus Del Qullasuyo” (Conamaq), citado pelo jornal La Razon.
"Bendita seja a terra que nos deu Evo Morales. Evo Morales já não é líder apenas da Bolívia, Evo Morales tornou-se um líder universal", disse o presidente do canal, Ghassan Ben Jeddou, destacando a “simplicidade”, a “coragem”, a “franqueza” e a “credibilidade” do primeiro chefe de Estado de origem indígena do país latino-americano.
Em entrevista exclusiva à Sputnik, o historiador brasileiro Luiz Antonio Andrade explicou que “as organizações populares na Bolívia mantêm o protagonismo político desde as insurreições do início do século XXI que varreram do horizonte histórico do país andino o projeto neoliberal. Alterando posições de adesão e crítica ao governo, segundo as conjunturas políticas, muitas delas seguem em apoio ao processo de transformação social na defesa de um referendo que altere a Constituição do país”.
“A defesa da reeleição de Evo Morales do Movimento Al Socialismo (MAS) não é uma adesão passional ao líder ‘personalista’ que encarna o risco à democracia boliviana ao tentar se perpetuar no poder — segundo visão caricatural da imprensa local”, afirmou.
Especialista em movimentos sociais da Bolívia, Andrade entende a questão sob outro ponto de vista:
“A percepção destes movimentos é que o apoio a Evo é o apoio ao processo que transcende ao próprio presidente índio. É o apoio ao projeto da democratização de fato do país, de um desenvolvimento etnicamente diferenciado, da soberania política frente ao imperialismo estadunidense, da valorização das formas de organização social dos povos originários”, concluiu o professor.