Segundo Lobkovsky, o pedido russo é fundamentado em um modelo de desenvolvimento inovador do Ártico, em “uma conceção científica nova, uma direção completamente nova”. O cientista explica que este modelo retifica vários momentos que os modelos anteriores omitiam ou não conseguiam explicar.
“Já nós construímos, pela primeira vez, um modelo físico, apresentamos um mecanismo real de movimento de placas da litosfera no Ártico, explicando a origem dos elementos tetônicos e das estruturas principais do fundo do oceano Glacial Ártico”, disse o geólogo.
O modelo elaborado pela equipe científica russa demonstra que as cordilheiras Lomonossov e Mendeleev-Alpha, reivindicadas pela Rússia, fazem efetivamente parte da plataforma continental eurasiática.
Lobkovsky frisa que o modelo não só permite atribuir vários elementos da plataforma à Rússia. A Dinamarca e o Canadá, por exemplo, também podem ver a sua plataforma continental ampliada:
Contudo, em função da tensão em torno da Rússia por causa do seu suposto envolvimento no conflito ucraniano, a política pode afetar a consideração do pedido russo. Mas o coordenador do projeto ártico russo prefere ser otimista:
“É certo que estamos observando agora uma situação pouco favorável em relação à Rússia. Mas é uma discussão científica aberta e não um jogo às escondidas. As perguntas são transmitidas ao site da ONU, o processo não é momentâneo. Eles irão passar para nós as suas dúvidas e, se nós estivermos seguros do nosso modelo, poderemos responder a elas”.
Portanto, o pedido não será estudado nem aprovado em breve. Poderá demorar “vários anos”, diz Lobkovsky, sublinhando que, devido a este fato, é preciso fazer com que o pedido seja elaborado da melhor forma possível. “Deve ser melhor do que outros [pedidos], para que possamos ultrapassar os pontos de vista alternativos que outros geólogos – por exemplo, os estadunidenses – podem apresentar. E isso faz parte da discussão científica”.
Perguntado sobre como seriam as consequências para outros pretendentes ao Ártico se o pedido russo for aprovado, o cientista disse que é favorável tanto ao Canadá, como à Dinamarca, que poderão estender as suas plataformas continentais, seguindo o exemplo russo.