Um relatório da Bundeswehr (Forças Armadas da Alemanha) e umas fontes da mídia norte-americana informam que mais de 60 rebeldes curdos se sentiram mal durante um confronto com unidades terroristas. Segundo os dados citados, trata-se, mais provavelmente, de granadas com gás.
Contudo, a história carece de informações concretas. O relatório alemão só se refere a umas informações das milícias curdas, peshmerga. E as declarações norte-americanas não citam ninguém, mesmo se o Pentágono qualificou os rumores como “credíveis”.
As armas químicas são um assunto bastante querido pelo comando militar dos EUA. Foram elas o pretexto para invadir o Iraque. Foram elas também o pretexto para aumentar pressão em relação à Síria no ano passado. Naquela altura, a Rússia salvou a situação, prestando ajuda significante na eliminação das armas químicas e armazéns correspondentes no país.
Aliás, se a suposta possessão das armas químicas pelo governo de Bashar Assad foi vista como razão suficiente para anunciar que o seu uso pelas autoridades sírias seria uma “linha vermelha” para os EUA começarem ataque maciços contra o regime, o uso efetivo das armas sírias pelos terroristas ainda não suscitou reações concretas neste sentido.
Já os curdos, alvos desse ataque, sentem que a "linha vermelha", sim, foi ultrapassada. Diz o assessor de imprensa do presidente do Curdistão Iraquiano, Kifah Mahmoud:
"No Curdistão, como no Iraque inteiro, a guerra já violou as normas de guerra permitidas, porque armas químicas foram usadas contra as nossas forças. A Agência de Proteção do Curdistão confirmou a presença de cloro no ar perto de certas áreas depois do uso do gás clorado pelos terroristas".
Contudo, Mahmoud mostra otimismo alegando que quando uma parte do conflito começa usar armas químicas, quer dizer que está desmoralizado:
"Nós sabemos, e a experiência o corrobora, que o uso das armas químicas sempre significa fracasso total das forças que usam este tipo de armas. As armas químicas sempre são usadas nas fases finais da sua derrota, na qualidade de última tentativa de mudar o balanço das forças".
"O Estado Islâmico lançou mão das armas químicas ao ver o seu projeto de "temeroso exército bem treinado" começar a fracassar nas fronteiras do Curdistão, no resultado de uma série de perdas. No sul de Kirkuk, os militantes do Estado Islâmico foram completamente eliminados, e lá estavam os destacamentos mais preparados de terroristas. Também há os fracassos em Anbar, Salah ad-Din e Baiji. O Estado Islâmico está pronto do seu fim".
Para Odierno, a implantação do contingente militar estadunidense no Iraque, com a repartição do país, pode ser “a única solução” para tentar pôr fim ao conflito.
Vale lembrar que um relatório de 2012, desclassificado mais cedo nesta semana pela DIA (Agência de Inteligência da Defesa dos EUA), frisa que o grupo chamado Estado Islâmico do Iraque, um dos precursores do atual Estado Islâmico, constituía naquela altura uma ameaça séria e podia ser um fator da unificação de vários grupos islamistas extremistas em um só movimento terrorista. O que se deu.
Até o momento, a coalizão internacional liderada pelos EUA tem realizado cerca de 2.340 ataques no território sírio e cerca de 3.748 no solo iraquiano. A campanha dura um pouco mais de um ano. Só para comparar: em 1999, durante a operação na Jugoslávia, a OTAN realizou mais de 10 mil golpes aéreos em meses contados.