Segundo o jornalista, especialista em política, “Tóquio não é livre na tomada de decisões benéficas para o país e para a região”.
“No início do período pós-guerra, os primeiro-ministros Yoshida Shigeru e Kishi Nobusuke decidiram que a subserviência japonesa, junto com o Tratado de Segurança Japão-EUA, era algo provisório, para respeitar apenas até que o país recuperasse a força.”
Para ilustrar a sua opinião, Wolferen recorda a tentativa do líder do Partido Democrático japonês, Yukio Hatoyama, de estabelecer relações de vizinhança com a China, que resultou na reação imediata e muito negativa de Washington.
“Hatoyama queria reforçar a cooperação regional com o grupo ASEAN+3 que incluiu a China, Coreia do Sul e Japão. Mesmo antes as eleições que conduziram o Partido Democrático (dos EUA – ed.) ao poder, a secretária do Estado Hillary Clinton deixou claro que fosse qual fosse o partido vencedor, os planos sobre a nova base naval de Okinawa não seriam mudados.”
O autor do artigo opina que, deste modo, os Estados Unidos mostraram que são contra o novo curso político de reformas do novo governo japonês.
Enquanto isso, segundo ele, os militares norte-americanos ficam em Okinawa não para proteger o Japão, mas como a força de combate pronta a ser enviada para o Oriente Médio ou Ásia Central.
"No entanto, Washington, agindo em seu estilo, mandou Abe ficar na fila e esperar vários meses para ser recebido – devido ao calendário muito apertado do presidente Obama", escreveu Wolferen.
Segundo ele, por um lado, Washington considera o Japão como uma ferramenta na luta pelo domínio da parte ocidental do Pacífico. E por outro — os Estados Unidos querem agir como um inspetor de polícia e garantir que a política no Japão não volta aos anos militaristas de 1930.
O autor do artigo opina que, no futuro próximo, o Japão pode perder um chance tendo em conta as mudanças sérias na infraestrutura da Eurásia, tais como a construção de ferrovias de alta velocidade através da Sibéria, ligando as cidades portuárias da China com portos na Europa.