Sputnik: Como o senhor avalia esta visita da chanceler alemã a Brasília?
Fabiano Mielniczuk: O pessoal do Itamaraty, nas entrevistas coletivas relacionando a visita de Merkel à situação política interna do Brasil, foi bastante feliz em enfatizar que isso demonstra o prestígio do Brasil, não tanto por conta da crise interna que o Brasil vive e que a Presidenta Dilma Rousseff está enfrentando aqui, com a possibilidade de impeachment, discussões acaloradas com os líderes do Parlamento e com a base de sustentação do Governo no Congresso, mas, principalmente, por conta da situação da Europa. É impressionante que Angela Merkel, que é o pivô de todos os debates a respeito da crise grega – se a Grécia ficaria ou não na zona do euro, se a Grécia honraria os pagamentos das dívidas que tem com os credores, principalmente alemães –, é surpreendente que, neste contexto de crise acirrada ainda na zona do euro, Angela Merkel venha para o Brasil com uma comitiva bastante significativa, com meia dúzia de ministros, com secretários, com empresários, e venha discutir parcerias econômicas, educacionais e culturais com o Brasil. Neste sentido, a leitura é bastante correta, representa, sim, uma prova do prestígio que o Brasil e a Presidenta Dilma Rousseff têm com Angela Merkel. É um momento muito delicado para a Alemanha, e a vinda demonstra a consideração pelo Brasil e pelo potencial que o Brasil tem como parceiro econômico e político da Alemanha.
S: E a questão dos grampos nas comunicações de Merkel e de Dilma, espionagens feitas pela inteligência norte-americana?