“Podemos dizer que o Governo poderia ter esperado um suporte maior das ruas, maior adesão, principalmente daqueles indivíduos, dentro da tomada de decisão, que tenham mais dificuldades de entender as peculiaridades que o país tem no presente momento, e as incapacidades do que o Governo tem mostrado no sentido de compreender a fundo quais são os desejos e anseios das pessoas nas ruas.”
O especialista continua:
“Nesse aspecto, eu acho que o Governo esperava mais. Só que, de outro lado, sobretudo naqueles indivíduos que sejam mais realistas dentro da tomada de decisão, as manifestações estão dentro do esperado, muito mais uma tentativa de desagravo daqueles grupos que historicamente estão próximos ao PT do que na verdade uma grande participação ou adesão popular no sentido de uma causa de defesa do Governo.”
Ao analisar o perfil atual do Partido dos Trabalhadores, o professor atenta para dificuldades de consenso na tomada de decisões dentro do PT. “É um partido que, de certa maneira, não tem consenso interno acerca de quais são as prioridades. Basta ver a dificuldades do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para levar adiante o ajuste fiscal, não só no que diz respeito aos votos da oposição no Congresso mas sobretudo às cobranças que ele recebe do PT no Congresso, e os enfrentamentos que ele tem que encarar mesmo dentro do Ministério.”
“Eu acredito, sim, que as eleições municipais do ano que vem vão ser um bom termômetro para medir o grau de satisfação e até mesmo, tanto para a oposição quanto para a situação, determinar os espaços de construção de discursos. E se esses grupos políticos forem atentos, eles vão ter a capacidade de entender até que ponto aquilo que eles estão falando é palatável ou não ao eleitorado.”