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Especialista diz que crise econômica atrapalha debate sobre Conferência do Clima

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Doutor em física, mestre em engenharia nuclear e Secretário-Executivo do Fórum Brasileiro sobre Mudanças Climáticas, Luís Pinguelli Rosa lamentou que a Cop 21, a nova Conferência do Clima, que vai ser realizada no final do ano em Paris, não está recebendo a devida atenção por parte da sociedade brasileira.

Durante audiência pública na Comissão Mista Permanente Sobre Mudanças Climáticas, no Senado Federal, Pinguelli, que é um dos maiores especialistas brasileiros em matriz energética, disse que o atual momento de crise política e econômica pela qual o país passa tirou o foco sobre a importância do debate sobre a Conferência do Clima.

“O ajuste fiscal, ou problemas ligados à corrupção tomam a atenção da sociedade, da mídia, e realmente a Conferência de Paris não está merecendo uma atenção proporcional à sua importância”.

O físico apresentou para a comissão do Congresso um estudo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas que avalia as consequências econômicas e sociais até 2030 decorrentes da adoção de um conjunto de medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) no país. 

O engenheiro espera que o Brasil seja mais audacioso nas inciativas ambientais, e que apresente, na Cop 21, metas ambiciosas principalmente no que diz respeito ao combate às emissões sem atrapalhar o crescimento econômico do país.

“É possível uma política climática de redução das emissões brasileiras com desenvolvimento, com geração de emprego”.

O Secretário disse que atualmente o Brasil tem conseguido cumprir as metas de redução de desmatamento que foram acordadas em 2009, durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Copenhague, na Dinamarca, mas se mostrou preocupado em como esses níveis de redução vão se manter a partir de 2020, quando termina o acordo.

“Depois de 2020 é que é o problema, quando o setor energético terá de ser chamado a reduzir as suas emissões”.

O engenheiro falou sobre o acionamento de usinas de energia térmicas nos últimos anos para compensar a queda da produção hidroelétrica, afetada pela redução dos níveis dos reservatórios, e disse que isso atrapalhou a obtenção de níveis maiores da redução das emissões dos gases de efeito estufa. Por outro lado, Rosa ressaltou como positiva a produção de energia eólica no Brasil, que está se concretizando e já ultrapassa a geração nuclear.

“É preciso mudar essa tendência, e, para isso, contamos também com fatores positivos, como a entrada da [energia] eólica no Brasil, que está se concretizado e já ultrapassa a geração nuclear. Temos ainda a entrada da energia solar, embora ache importante um programa de difusão do seu uso e não a concentração de geração”.

A Conferência de Paris vai contar com a participação de representantes de cerca de 100 nações para debater novos compromissos para impedir o avanço das emissões de gases de efeito estufa e amenizar as mudanças climáticas.  O governo brasileiro ainda não fechou a proposta que vai defender durante a Cop 21, mas o presidente da Comissão Mista Permanente Sobre Mudanças Climáticas do Congresso Federal, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), está otimista e acredita que o país precisa reduzir ainda mais as suas emissões promovendo mudanças na matriz energética.

”Nós não podemos continuar reduzindo os gases de efeito estufa apenas na área da agricultura, nas florestas, na área da conservação do solo. Acho que a gente pode mudar mais e mais, e reduzi os gases do efeito estufa nos setores da energia e industrial. Eu acho que o Brasil tem uma oportunidade para apostar mais, sobretudo na geração de energia solar. O Brasil produz em média mais de 2.500 horas de sol por ano, sobretudo no Nordeste brasileiro, e a gente tem que fazer o que fez na área da energia eólica. Hoje já é uma matriz importante na produção de energia, e a energia solar deve merecer uma prioridade maior por parte do Governo brasileiro”.

As discussões em Paris vão se concentrar nas metas para 2030. O Governo brasileiro já anunciou que, até lá, pretende zerar o desmatamento ilegal e recuperar cerca de 12 milhões de hectares de florestas desmatadas. Outra meta é elevar a participação das energias renováveis no total da energia gerada no país.

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