Analistas econômicos interpretaram os números divulgados como o pior resultado para qualquer trimestre desde o período entre janeiro e março de 2009, quando houve uma diminuição de 2,2% no Produto Interno Bruto. Os analistas disseram mais: “Este foi o pior resultado para um segundo trimestre de toda a série histórica, iniciada em 1996.”
Com a constatação de que a economia brasileira sofreu crescimento negativo em dois trimestres consecutivos, o Brasil já pode ser considerado tecnicamente em recessão. É o que afirma o economista Roberto Fendt, diretor-executivo do Cebri – Centro Brasileiro de Relações Internacionais.
Fendt falou com exclusividade para a Sputnik Brasil:
Roberto Fendt lembra que também nesta sexta-feira foi noticiado que pela primeira vez este ano houve uma queda na demanda por passagens aéreas.
“Isso quer dizer”, explica o economista, “que até então os passageiros continuavam usando os voos para seus deslocamentos tanto dentro do país como para o exterior. Mas a subida do dólar está começando a doer no bolso de quem pretende viajar. Muita gente já está pensando que continua pagando os mesmos dólares, só que os mesmos dólares não são os mesmos reais do início do ano ou do ano passado. Estão ficando muito mais caros, estamos com uma desvalorização do real da ordem de 50%, então quem tinha se preparado para sair do país e ir para Paris ou para a Disney, em qualquer dos dois casos a passagem, em reais, está em torno de 40% a 50% mais cara, e as despesas locais também. Quando chegar o cartão de crédito, vai se pagar com o real valendo a cotação do dólar de agora e não o que se tinha imaginado fazer no ano passado. Este é apenas um exemplo.”
Outro exemplo citado por Roberto Fendt está na indústria automobilística:
“A retração em outras atividades, nós vemos de longe, o setor automotivo está com os pátios cheios, não se consegue vender. A atividade econômica como um todo está se retraindo não só por estes fatores mas pelo fato de que a inflação está tornando as coisas mais caras e os salários não acompanham, como no passado, mensalmente, o ritmo da inflação. Qualquer contrato desta natureza tem validade por doze meses, no mínimo, então não tem como indexar coisas, só os impostos, que variam todo santo dia.”
Para deixar mais claro seu raciocínio, Roberto Fendt continua a exemplificar: