Os dois mais importantes mandatários da Rússia – o Presidente Vladimir Putin e o Primeiro-Ministro Dmitri Medvedev – estarão presentes ao Fórum, que também terá a participação de outros destacados membros do Governo russo, como o Vice-Primeiro-Ministro Yuri Tretnev, plenipotenciário para o Extremo Oriente, e ainda o ministro para o Desenvolvimento do Extremo Oriente, Aleksander Galushka.
Especialista em Rússia e China, o Professor Diego Pautasso, da Unisinos – Universidade do Vale dos Sinos, da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul e do Colégio Militar de Porto Alegre, analisa em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil o Fórum Econômico do Oriente.
Diego Pautasso: Este Fórum tem um simbolismo e uma representatividade bastante importantes, e pode ser visto de diversas perspectivas: a primeira é o fato de a Rússia se reafirmar do ponto de vista econômico e geopolítico, processo que vem acontecendo desde a primeira eleição de Vladimir Putin à Presidência. O segundo aspecto diz respeito ao desenvolvimento interno e à integração territorial da própria Rússia, já que em função de sua vastidão territorial e do subpovoamento do Leste, criar iniciativas para aquela região tem uma natureza econômica e até de segurança. E um terceiro aspecto importante é: ao fortalecer o desenvolvimento do Leste do país, aproximar a Rússia, ainda mais, da bacia do Pacífico, que hoje é a região que mais cresce no mundo, puxada pela China e pelos demais países da Ásia.
S: E Vladivostok tem uma localização estratégica para isso. A cidade foi remodelada para a Conferência da APEC e ainda passa por amplas modernizações, e a Rússia tem feito grandes programações no Extremo Oriente, tanto valorizando Vladivostok, que abriga a Frota o Pacífico da Rússia, como também desenvolvendo um intenso plano turístico para toda aquela região, notadamente a península de Kamchatka.
DP: Trata-se de uma iniciativa de desenvolvimento para captar investimento e se conectar à dinâmica produtiva do Leste da Ásia. Com relação ao aspecto do povoamento, e consequentemente de segurança, é preciso lembrar que na área fronteiriça à Rússia naquela região existem mais de 110, 120 milhões de pessoas, enquanto no lado russo existe aproximadamente um décimo da população. Do ponto de vista do Estado, é importante ter uma presença territorial e populacional mais efetiva para garantir a estabilidade das fronteiras.
DP: É importante este aspecto de priorizar e dedicar energias e esforços governamentais nesta direção, e eu acrescento a esta informação o fato de que a Rússia vem fazendo uma política bem-sucedida de recuperar seu contingente populacional. Entre 1993 e 2009 a Rússia teve decréscimo populacional, e naquele período fizeram projeções até catastróficas acerca do declínio populacional russo. Mas de 2010 até a atualidade a população da Rússia voltou a crescer, e só no último ano cresceu mais de 3 milhões de pessoas, de modo que este esforço de resolver esta problemática demográfica e trabalhar isto do ponto de vista da integração e do desenvolvimento territorial russo está no centro da agenda do atual Governo.