Segundo Konstantin Sivkov, doutor em ciências militares e presidente da União de Analistas Geopolíticos, as ações da tripulação do submarino não contradizem o direito internacional.
O especialista considera que a afirmação de Londres é somente uma manobra diplomática do Ministério das Relações Exteriores:
“O principal é outra coisa, é o ‘golpe baixo’ na OTAN. Porque a Espanha é membro da OTAN, o país foi um dos primeiros a autorizar bases dos navios norte-americanos de defesa antimíssil. E de repente a Espanha – membro fiel da OTAN, que representa a OTAN como uma potência marítima (tem costa no Atlântico e é responsável pela defesa antissubmarino da aliança) – acolhe um submarino contra o qual, em princípio, deve lutar”.
De acordo com Konstantin Sivkov, a Espanha, embora seja membro da aliança, está preparada para cooperar com a Rússia:
“Isto mostra que o governo espanhol está começando a se reorientar cuidadosamente das posições da OTAN para outras, digamos, mais alargadas. E está pronta para cooperar com a Rússia mesmo em contradição com os interesses da OTAN. Isto provocou o pânico nas autoridades da OTAN e nas elites políticas da Grã Bretanha”.
“Tudo aponta para que a OTAN, como organização unida rígida controlada pelas elites anglo-saxónicas, que controla totalmente a Europa, começa a se tornar uma estrutura inconsistente. Se os espanhóis acolhem os nossos submarinos em contradição com a opinião dos dirigentes da OTAN, isso significa que, caso surja um conflito, os espanhóis podem se recusar a participar dele, podem fazer algumas demarches que serão inaceitáveis para a OTAN. Este é, pois, um sinal muito desagradável para a OTAN. Por isso eles estão incomodados. Eles têm medo de perder a Espanha”, conclui o especialista militar.
Assim, parece que, ao invés de realizar os maiores exercícios desde a Guerra Fria, treinando um cenário de guerra híbrida contra a Rússia, seria melhor treinar a disciplina interna porque o aparecimento de aliados "desobedientes" é bem mais provável do que um conflito com a Rússia, que não tem interesse em territórios estrangeiros.