Maduro afirmou que deseja formar uma poderosa aliança com o Vietnã e aumentar significativamente a balança comercial entre os dois países, chegando a US$ 1 bilhão anual. Ele também se encontrou com representantes da Câmara de Comércio e Indústria vietnamita.
O presidente venezuelano ainda se reunirá com outras autoridades do Vietnã antes de seguir para a China em sua viagem pela Ásia.
Esta abertura de parceria entre Venezuela e Vietnã é comentada pelo especialista João Cláudio Pitillo, pesquisador da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, como uma maneira de os venezuelanos escaparem da pressão econômica imposta pelos Estados Unidos:
“A Venezuela anda muito espremida pelos EUA”, diz Pitillo. “Essa pressão que os norte-americanos vêm fazendo sobre a Venezuela é muito prejudicial para a cadeia produtiva venezuelana. A Venezuela enfrenta os problemas históricos de um país petroleiro. Ela importa a maioria do que consome, na área de tecnologia, na área de bens e também na área alimentícia. A ida ao encontro do know-how vietnamita na produção agrícola é uma maneira que a Venezuela tem de tentar sobrepujar a pressão estadunidense e os anos que ela tem de atraso na sua economia voltada para este setor. A Venezuela sofre de um problema muito parecido com o que nós temos no Brasil, o êxodo rural, o inchaço das grandes cidades, o esvaziamento do campo e o processo de reforma agrária que ainda não avançou. Mesmo com esses anos todos da Revolução Bolivariana, a Venezuela ainda não conseguiu superar esse atraso para a produção agrícola a ponto de se tornar um país autossuficiente, que tenha segurança alimentar.”
“Haverá uma troca de know-how. A PDVSA [Petróleos de Venezuela S. A.] estuda uma grande parceria com o Vietnã, um país que carece de hidrocarbonetos. A Venezuela poderia encontrar tudo isso aqui nas Américas, mas a parceria com seus irmãos na América do Sul, na América Latina, parece ainda não ter avançado a este ponto. E os EUA, que têm todo esse know-how e poderiam suprir a Venezuela, estão envoltos nessa guerra política, nessa guerra velada que acaba pressionando a Venezuela para que ela vá buscar este aporte em direção à Ásia. O que importa nesse acordo com o Vietnã está muito ligado à agricultura familiar, porque é a base da agricultura vietnamita. O Vietnã sobreviveu estes anos todos com base na sua agricultura familiar, nos projetos de cooperativa. E a Venezuela vai em busca disso. Sem dúvida a Venezuela precisa respirar, porque, infelizmente, os países latino-americanos e os EUA não conseguem dar o aporte necessário para o desenvolvimento da economia venezuelana. A Venezuela vive um clima quase que de guerra comercial com o estabelecimento de mercados negros, ou seja, há uma resistência muito grande por parte das indústrias e do comércio venezuelano em se adequar ao modelo político, ao modelo ideológico e social que emana da Revolução Bolivariana. É fundamental, para a Venezuela sobreviver, que ela amplie seus mercados em direção à Ásia, que tem um know-how invejável na questão da produção agrícola.”