Editor da revista virtual Defesanet, Nélson Düring destaca como grande atração do MAKS 2015 a demonstração do quanto evoluíram as indústrias aeronáutica e aeroespacial russas.
A seguir, a entrevista com o especialista brasileiro.
Sputnik: Como o senhor viu esta edição do MAKS?
Nélson Francisco Düring: O MAKS 2015 retrata bem o momento da indústria aeroespacial de defesa da Rússia. É uma indústria que está em profunda transformação tecnológica dos produtos e também do seu parque industrial, que envelheceu e agora está sendo retomado, reformado e modernizado para os padrões atuais. Esta é uma questão muito interessante.
S: Que novidades notáveis de nova geração os russos exibiram nos setores civil e militar?
NFD: Os russos continuaram com a apresentação do Sukhoi-100, mas o que nós vimos em termos de novos projetos foram as demonstrações do T50 PAK FA, o caça de quinta geração russo. Há uma modernidade bem interessante, que é a modernização do Ilyushin-76, o avião de transporte russo, muito conhecido, mais de mil unidades operam em todo o mundo. E também uma coisa muito importante: a Rússia está mostrando um avanço em áreas onde ela não era tão capaz, como no caso das indústrias de aviônicos – a eletrônica embarcada. Havia uma companhia ainda desconhecida pela maioria, chamada Kret, que é um conglomerado de empresas, que apresentou uma série de conceitos inovadores, como seria a cabine do piloto de aviação comercial no futuro. Outras empresas também estão procurando parceria com a Embraer, a indústria aeronáutica brasileira, para oferecer componentes. Ou seja, a Rússia não está só trabalhando no produto final – a aeronave – como está começando a produzir componentes, está fortalecendo sua cadeia de produção industrial no ramo aeroespacial.
S: Além do setor aeronáutico, o MAKS tem um setor dedicado à pesquisa aeroespacial. O senhor destaca algum protótipo, algum novo veículo espacial que os russos tenham apresentado no MAKS 2015?
NFD: Na edição passada, em 2013, houve um enorme avanço e novidades. Este ano foi de concretização, de realização. As empresas estão consolidando sua estrutura, sua capacidade. Mas vimos uma coisa muito importante: as demonstrações aéreas, especialmente do Sukhoi-35, foram notáveis. Houve uma série de demonstrações aéreas que surpreenderam os especialistas pela capacidade de manobra do avião.
S: Em termos de negócios aeronáuticos da Rússia com o Brasil – aviões, helicópteros –, o que o senhor observou nesta sua viagem à Rússia?
NFD: Pode ser desconhecido pela maioria, mas a Rússia é uma grande fornecedora de matéria-prima para a indústria aeronáutica brasileira. A companhia russa VSMPO-AVISMA fornece 100% do titânio empregado pela Embraer, e é um contrato estratégico de longo prazo. Outras empresas russas estão iniciando conversações com a Embraer para fornecer componentes para a indústria aeronáutica brasileira. Quanto aos produtos para o Brasil, temos a negociação do Pantsir, sistema de defesa aérea, que está avançando lentamente. Quanto à questão dos helicópteros, tivemos possibilidade de visitar uma planta industrial, a de Kazan, onde se viu uma melhora significativa na qualidade, no acabamento das aeronaves. Há uma modernização da planta industrial que está se traduzindo na qualidade dos produtos.