O objetivo da reformulação em debate na Comissão Especial da Câmara é dinamizar a gestão do futebol profissional no Brasil e garantir ao torcedor o pleno respeito aos seus direitos, inclusive à lisura na administração e na prática do mais popular esporte do país. Para os atletas, a reformulação procurará ampliar os seus direitos e, na medida do possível, aproveitar a sua experiência para a mais adequada gestão do futebol profissional.
Hoje trabalhando como médico fisiatra no Rio de Janeiro e integrando o Programa Saúde da Família, Afonso Celso Garcia Reis, o Afonsinho, concedeu a entrevista que vai a seguir.
Sputnik: As alterações sugeridas pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados poderão modificar significativamente o atual estado do futebol brasileiro depois do fracasso de 2014?
Afonsinho: Eu sei que existem os limites característicos do estágio político. O que se conquistou na Câmara até agora, e continua sendo debatido, dentro desta condição, é o melhor que se podia conseguir no momento. Continuam os debates e as propostas e também a CPI do Senado. O que pode mudar em profundidade é mobilização, é movimento. Enquanto se constrói isso, são conquistas importantes, principalmente pelo momento, depois do fracasso da Copa do ano passado, que foi só o bater no fundo do poço que já vinha se arrastando por muitos anos. O que espanta mais é a lentidão, não houve nenhuma alteração da estrutura diretiva do futebol brasileiro. Já o Bom Senso F. C., o Atletas pelo Brasil, da Ana Moser, e outras iniciativas são muito positivas e devem ser intensificadas. Nós não esquecemos que depende cada vez mais de uma situação internacional, mas aqui nós precisamos continuar lutando, procurando aprofundar e também fazendo o que for possível para que se mude. Não cabe mais, nos dias de hoje, o esporte tomando a dimensão que tomou na sociedade moderna e funcionando por meios medievais. Não como forma de expressão, mas como forma concreta de organização, é totalmente anacrônico e ultrapassado, não consegue sobreviver mais.
S: O que deve ser feito para salvar o futebol profissional do Brasil?
A: Nós dependemos dessas estruturas internacionais, mas aqui dentro do Brasil devemos lutar para aprofundar a participação, cada vez maior, do torcedor, principalmente. Todas as instâncias dos jogadores, dos profissionais de todas as áreas que envolvem hoje um trabalho de futebol, mas sobretudo dentro dos clubes, porque o esporte em qualquer estrutura política, econômica, vai ser sempre sustentado pelo torcedor. Torcedor não é só a camisa do seu clube. Falamos de sócio-torcedor, uma porção de iniciativas, Mas no funcionamento político dos clubes a participação do torcedor é muito pequena, muito limitada, e os clubes acabam definhando porque essa estrutura não se abre. Para ter uma mudança que realmente tenha um significado grande, eu acho que a estrutura de todos os níveis das entidades, os clubes, as federações, a confederação, os próprios órgãos de representação dos jogadores devem ser no mínimo oficializados.