Em Teerã, nos dias 13 e 14 de setembro, o Ministro foi recebido em audiência pelo Presidente Hassan Rouhani e manteve encontros com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, e com o Secretário do Supremo Conselho Nacional de Segurança, Contra-Almirante Ali Shamkhani.
O comércio entre o Brasil e o Irã, superavitário para o Brasil, vinha crescendo progressivamente até 2011/2012, ultrapassando US$ 2 bilhões, mas foi reduzido em quase 50% após as sanções internacionais impostas ao Irã. A Embaixadora Maria Clara explicou que a perspectiva de levantamento das sanções abre oportunidades para a expansão do intercâmbio em setores como o agronegócio e de investimentos nas áreas de hidroeletricidade, mineração e infraestrutura. “As ideias principais são a retomada do comércio bilateral, que esteve durante muito tempo em um ritmo crescente, quando em 2011/2010 ultrapassou US$ 2 bilhões nos dois sentidos. A partir de 2012 isso vem caindo e foi reduzido praticamente a metade, se não me engano em US$ 1,4 bilhão, em 2014, em função especialmente das sanções unilateralmente impostas, e que terminaram refletindo no que seria o comércio com o Brasil, não por ter alguma sanção específica aplicado ao comércio brasileiro com o Irã, mas pela dificuldade de se encontrar fontes de financiamento em instituições financeiras que pudessem fazer os pagamentos das transações comerciais. A perspectiva do levantamento gradual dessas sanções no futuro com a assinatura do Joint Comprehensive Plan of Action, que é a solução que está se encontrando para a construção da confiança na relação com o Irã na questão do programa nuclear, traz boas perspetivas para o reestabelecimento de um comércio normal do Brasil, porque serão mais facilitadas as condições de financiamento e pagamento de importações e exportações.”
Já com relação a visita oficial do Ministro Mauro Vieira ao Líbano, a Diretora do Departamento de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Embaixadora Ligia Maria Scherer, explica que também tem o objetivo de fortalecer as relações do Brasil com país, principalmente após o memorando de entendimento assinado do Líbano com o Mercosul. Mauro Vieira vai discutir com as autoridades locais a agenda bilateral, com ênfase no incremento do comércio e investimentos, na situação da comunidade brasileira no país e na troca de impressões sobre o quadro político e de segurança local e regional. “No ponto de vista econômico-comercial, no ano passado o Líbano assinou com o Mercosul um memorando de entendimento com vistas a negociação de um acordo de livre comércio. Já houve uma reunião, e está prevista uma segunda ainda. É um memorando de entendimento com vistas ao incremento, ao fortalecimento das relações econômico e comerciais Líbano-Mercosul. Também assinamos um acordo para isenção de vistos diplomáticos oficiais e para extensão de vistos de turismo e empresariais. Isso são elementos que reforçam ainda mais a já muito sólida e importantes relações do Brasil com o Líbano.”
Em Beirute, manterá encontros com o Primeiro-Ministro, Tammam Salam, com o Presidente do Parlamento, Nabih Berri, e com o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Expatriados, Gebran Bassil.
Ligia Maria ressalta os laços estreitos entre Brasil e Líbano, onde países mantêm relações diplomáticas desde 1944. O Brasil abriga hoje a maior comunidade de libaneses e descendentes no mundo, um total de cerca de 17 milhões de pessoas.
A embaixadora chama a atenção que Mauro Vieira também deve discutir a situação no Oriente Médio. “Todos sabem que com o conflito na Síria são cerca de 1,2 mil refugiados que o Líbano acolhe. Isso representa 25% da população, é um peso muito grande. O Brasil tem procurado ajudar no máximo de suas possibilidades. A nossa cooperação é cerca de US$ 700 mil, em recursos financeiros e em bens tanto para o Acnur, a agência da ONU para refugiados, e para atender a UNRWA— Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos que também é um grande contingente no Líbano. Além disso temos o Visto Humanitário, que tem sido concedido para refugiados, com essa medida para facilitar a saída e a acolhida, foram mais de 7 mil vistos concedidos. Registrados no Brasil de ingresso já são cerca de 2 mil. Prevê-se a reedição dessa medida de concessão de visto em caráter humanitário agora no mês de setembro.”
Desde 2011, o Brasil comanda a Força-Tarefa e fornece o navio capitânia para a missão, dando importante contribuição à estabilidade da região.