“A imprensa britânica, mais até do que a americana, historicamente sempre teve um olhar muito mais cético e amargo em relação ao Brasil.”
Mário Russo ressalta que essa postura dos jornais ingleses não é de hoje, e que aconteceu mesmo na época do primeiro mandato da Presidenta Dilma Rousseff, com relação ao então ministro da Fazenda, Guido Mantega:
“Isso não é de hoje”, afirma o jornalista. “Houve uma verdadeira orquestração contra o Mantega no primeiro mandato da Presidenta Dilma Rousseff. Eles até propuseram abertamente a retirada do ministro – e sugeriram o nome do substituto.”
Mário Russo critica o jornal, e diz que os britânicos deveriam dar mais palpite sobre o Reino Unido, que também passa por uma crise, porém de menor proporção que a do Brasil. Ele acrescenta que o “Financial Times” sempre errou a dose das avaliações, ao dizer que a economia brasileira está uma bagunça.
“O ‘FT’ sempre está vendo mais do que o que realmente há. A situação brasileira é delicada, pode ser classificada na economia como quase grave ou grave, mas não tanto. Comparar o Brasil com um doente terminal é uma falta total de diplomacia, é distorcer os fatos.”
Outro ponto destacado pelo jornalista como equivocado é a previsão de que o PIB brasileiro deverá encolher até 3% este ano e 2% em 2016.
“Os videntes do ‘Financial Times’ preveem um PIB negativo este ano, de 3%, e de —2% em 2016, índices mais negativos que os previstos pelo próprio mercado financeiro aqui no Brasil, o qual é bastante atento em relação a este comportamento da economia. A avaliação não é essa, não. A avaliação realmente é preocupante, mas são números diferentes do ‘Financial Times’. O mercado, por exemplo, prevê uma queda de 2,5% no PIB para este ano, e uma queda de 0,6% em 2016.”
“Sem a menor sombra de dúvida, é um caso político. Na verdade, quem é que faz a avaliação de risco no mundo e quem são essas agências? As avaliações feitas por essas agências há muito tempo são questionadas, porque quando elas fazem uma avaliação dessas elas recebem uma comissão pela avaliação. É preciso que as pessoas fiquem muito atentas, que tenham um filtro nos olhos, para ver se essas avaliações são feitas estritamente por critérios técnicos, econômicos, por parâmetros fiscais, de arrecadação, de pagamento. Há um componente subjetivo e um componente nebuloso. O cenário brasileiro é difícil, mas está bem longe de ser um cenário como o descrito pelo ‘Financial Times’, de paciente terminal.”