Especialista: operações sino-russas podem mudar correlação de forças no Ártico

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Terra de Francisco José, arquipélago polar russo - Sputnik Brasil
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Segundo a mídia, os EUA e os seus aliados aceleram a construção de infraestrutura no Ártico como resposta às ações intensificadas não só da frota russa mas também da chinesa. O especialista Vasily Kashin, do Centro de Análise das Estratégias e Tecnologias comentou esta questão à Sputnik.

Em particular, os norte-americanos ficaram interessados no aparecimento de navios da Marinha chinesa perto das ilhas Aleutas, pouco depois dos exercícios sino-russos. As ilhas Aleutas foram a única parte do território dos EUA que os japoneses conseguiram ocupar durante a Segunda Guerra Mundial. Em caso de algum agravamento da situação no oceano Pacífico, se tornam numa das zonas mais vulneráveis da segurança norte-americana e, tal como a Alasca, requererão muitas forças para as defender. Provavelmente, este fato será considerado no futuro planejamento militar da China.

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A China presta atenção crescente à região do Ártico, tanto de ponto de vista econômico como militar. É muito possível que ações da Marinha chinesa ultrapassem as atividades econômicas da China. A China ainda não consegue obter tecnologias mesmo de exploração de petróleo nos mares quentes, ao passo que a exploração de jazidas no Ártico ainda é mais difícil. Mesmo assim, apesar de certas limitações, a frota chinesa já pode intensificar as suas atividades no Ártico.

A presença marítima militar no Ártico de um país que não possui territórios nesta região faz surgir uma nova situação. Mas é duvidoso que se possa impedir navios do Exército de Libertação Nacional chinês de navegar no Ártico. É particularmente difícil exigir isso para os norte-americanos, que prestam muita atenção à navegação livre no mar da China Meridional.

Há muito tempo que o crescente interesse dos chineses pela exploração da região do Ártico é evidente. É provável que a passagem dos navios de superfície seja o início de uma presença militar chinesa na região e no futuro próximo sejam utilizados submarinos, e no longo prazo, submarinos com mísseis de cruzeiro e submarinos nucleares. Antes se considerava que nesta região só podiam navegar submarinos da Rússia e dos países da OTAN liderados pelos EUA. O aparecimento de um terceiro ator independente criará novas ameaças e oportunidades.

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Ainda não está claro se a China irá coordenar a sua presença no Ártico com a Rússia. Algumas atividades da frota chinesa no Ártico levarão sem dúvida à necessidade de cooperar com Moscou. Os países ainda não têm um acordo sobre esta região mas têm experiência de cooperação e exercícios conjuntos.

A Rússia também reforça a sua presença militar na região, instalando novas bases aéreas, sistemas de defesa antiaérea e mesmo tropas terrestres. O Ártico foi uma das frentes principais na Guerra Fria e se torna cada vez mais significativa no contexto de uma nova Guerra Fria entre a Rússia e os EUA, provocada pela crise ucraniana. As operações chinesas em cooperação com a Rússia nesta região podem alterar significativamente a correlação de forças. A China poderá participar em conjunto com a Rússia na criação da infraestrutura militar a ser usada pela Marinha e Força Aérea chinesas. Mas, para fazer isso, Moscou e Pequim ainda têm de chegar ao acordo sobre os princípios de cooperação e ajustamento dos seus interesses na região.

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